Faleceu no dia 14 de agosto, aos 67 anos, o jornalista, pesquisador e crítico de cinema carioca Fernando Albagli, membro do corpo editorial de criticos.com.br desde sua criação. Era também figura das mais atuantes na Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro e no Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro.
Albagli foi um exemplo de amor pelas coisas do cinema, que se manifestava em diversas frentes. A cinefilia cotidiana fez com que ele, já lutando contra o câncer, não deixasse de comparecer às salas até bem pouco tempo, mesmo em cadeira de rodas. Como editor e diretor industrial da Editora Brasil-América (Ebal), fez história ao criar a revista Cinemin, veículo que deixou saudades e um vácuo nunca preenchido na imprensa especializada. Na crítica jornalística, que praticou por mais de dez anos no Jornal do Brasil e, mais recentemente, no criticos.com.br, Fernando foi sempre um articulista atento à qualidade e pródigo nos critérios.
Em 2003, lançou a edição definitiva do livro Tudo Sobre o Oscar, exaustivo levantamento da trajetória do prêmio, que vale como uma história do cinema sonoro norte-americano. Foi autor dos textos de três livros infantis. Com o filho Benjamim Albagli, traduziu para o português A Linguagem Secreta do Cinema, de Jean-Claude Carrière. Deixou, ainda, os filhos Sarita, Marcelo e Taíssa.
Veja abaixo algumas repercussões de seu desaparecimento entre os colegas de criticos.com.br e seus familiares:
“Fernando foi o irresponsável que publicou meu primeiro texto, uma carta do
leitor sobre Cavalinho Azul. Pouco tempo depois, transformou-se no meu primeiro chefe. Aspirando o chumbo derretido das velhas linotipos da Ebal, vivemos juntos
um sonho cinematográfico-jornalístico curto e adoravelmente prazeroso chamado Cinemin. Vou guardar na memória a felicidade do Fernando no dia em que, sem
anunciante e apenas com venda em banca, a revista bateu os 66 mil exemplares. O mais curioso é que Fernando estava feliz não apenas pela alta tiragem, mas pela capa ser a de um filme brasileiro, Cidade Oculta. Sua generosidade não tinha limites e a Cinemin foi uma expressão disso, com textos de hollywoodianos empedernidos, cinemistas imaginários e jornalistas expoentes que ali publicaram seus primeiros textos, como Eduardo Magalhães (saudosíssimo camarada de redação), Hugo Sukman, Anabela Paiva e Roni Filgueiras. Gente finíssima.” Ricardo Cota
“Tive a alegria de conviver com Fernando como colaborador da revista Programa do JB. Figura mais doce, mais apaixonada pelo cinema. Tenho ainda minha coleção de Cinemin.” Pedro Butcher
“Perdemos um companheiro dos mais generosos e apaixonados pelo cinema. No currículo do Fernando, além das atividades de pesquisador, editor e crítico, consta o estímulo a muitos jovens jornalistas que, como ele, souberam honrar o nosso ofício.” Carlos Alberto Mattos
“Fernando Albagli foi, não, é figura vital na cultura cinematográfica do Brasil nas últimas décadas, e a Cinemin, marco incontestável da atividade dele, fonte de informação e análise que até hoje tem frescor. Perda gigantesca, do tamanho da importância do legado que deixa.” João Marcelo F. Mattos
“Uma das figuras mais generosas que conheci nesse meio. Para além da dedicação, da paixão e do pioneirismo (aliás, foi um dos primeiros críticos a vislumbrar o potencial do meio virtual, na era pré-internet, quando chegou a investir numa BBS, a Cinetronics), a imagem que fica é de carinho mesmo.” Jaime Biaggio
“Amantíssimo Fernando, Doce Fernando. Querido por seus filhos e netos. Ensinou-nos a paixão pelo cinema. Era encantado pelas luzes e sombras projetadas pelo celulóide. Vivia as histórias assim contadas. Transmitiu a todos essa paixão em seus livros, em suas críticas, nas formidáveis polêmicas familiares. Sempre o cinema, para os filhos, para os netos, para os amigos, para todos. Todos sentiremos sua falta.” A família de Fernando Albagli
Clique aqui para ler o depoimento de Benjamim Albagli que consta da introdução à nova edição comemorativa de A Linguagem Secreta do Cinema (um dos livros da coleção Nova Fronteira: 40 anos, 40 livros).