Críticas


BUSCANDO…

De: ANEESH CHAGANTY
Com: JOHN CHO, JOSEPH LEE, DEBRA MESSING
20.09.2018
Por Luiz Fernando Gallego
Apesar de se passar numa tela do computador, fica muito bem na telona de salas de cinema.

Estreia do diretor Aneesh Chaganty em longa-metragem, Buscando... tem um ótimo enredo de mistério e uma narrativa visual curiosa: tudo é visto como se fosse na tela de um computador. No início pode causar alguma estranheza e até mesmo má vontade: será um gadget supérfluo? Mas na medida em que o roteiro vai sendo (bem) desenvolvido, a atenção do espectador fica tomada pelo que se passa - e como se passa a história da mocinha de 16 anos desaparecida. Para desespero do pai, viúvo há dois anos.

Na geração acostumada a usar a internet para tudo e mais alguma coisa, o filme deve soar bastante natural; embora possa (talvez) não parecer tão sintônico com os que não têm tanta familiaridade com os recursos das plataformas, do Windows ao Facebook passando por Instagram e outros tantos. Mas o suspense do whodunnit? compensa bastante.

Tudo que se espera de uma ficção de mistério é ser bem enganado, ou seja, não descobrir facilmente o enigma, não ficar irritado com as pistas que se revelem falsas e poder ter surpresas enquanto o mistério vai sendo desvelado (ou mais encoberto). Nestes aspectos o filme é um raro oásis em meio a tantas tentativas de originalidade forçada com enredos tão mirabolantes que não conseguem dar conta satisfatoriamente de um esclarecimento minimamente verossímil no desfecho. E por mais que as soluções sejam improváveis, cabe à narrativa torna-las plausíveis.

Um senão significativo é o uso de trilha musical que deveria ser menos insistente, ou mesmo nem existir – para ser coerente com a opção visual da plataforma onde a história é narrada. Este aspecto, de certo modo, torna fake o recurso da tela do computador.

No final das contas, pode-se dizer que o uso da tela de computador é uma nova forma de McGuffin, ou melhor dizendo, um McGuffin formal: importa tanto quanto não importa para a narrativa de um bom filme de mistério.

E que, apesar de se passar na tela do computador, fica muito bem na telona de salas de cinema. Espera-se que não vire moda para atender quem vê filmes em telinhas de celular ou de computadores.

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