Críticas


CULPA

De: GUSTAV MÖLLER
Com: JAKOB CEDERGREN
27.12.2018
Por Maria Caú
O grande trunfo da narrativa é a escolha radical de se manter inteiramente no mesmo espaço.

Vencedor do prêmio do público do Festival de Sundance de 2018, o dinamarquês Culpa se passa nas últimas horas de trabalho de Asger, um operador de chamadas de uma central de emergências da polícia de Copenhague. Entre diversas ligações, ele recebe a chamada de uma mulher que, com cuidado para que o homem a seu lado não perceba com quem fala, avisa que está sendo sequestrada. Com poucos indícios do paradeiro da moça e da van que a transporta, Asger vai usar de todos os artifícios possíveis para burlar um sistema bastante falho e tentar salvá-la.

O grande trunfo da narrativa é a escolha radical de se manter inteiramente no espaço da central de emergências, à máxima proximidade do protagonista, deixando que o mundo externo surja apenas através dos pontos de escuta de Asger, num desenho de som não menos que fenomenal. A atuação de Jakob Cedergren é grandiosa justamente porque mantém a solidez diante de uma câmera que está o tempo todo perscrutando suas mínimas reações. O roteiro, muito bem construindo, faz com que a vida pessoal do atendente emerja organicamente e dê aos poucos novas nuances às suas decisões. Além disso, a trama se constrói com uma virada bastante surpreendente e mantém o espectador num grau alto de tensão pelos seus quase 90 minutos.

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