Críticas


OBSESSÃO

De: NEIL JORDAN
Com: ISABELLE HUPPERT, CHLOË GRACE MORETZ, MAIKA MONROE
13.06.2019
Por Luiz Fernando Gallego
Os clichês pioram quando o roteiro degringola

Já se foi o tempo em que havia boa expectativa sobre um filme assinado por Neil Jordan. Mas ele chegou a um ponto muito alto de decepção com este "Greta" (título original), de 2018. O trailer já era pouco animador. Como a competência artesanal sobrevive, apesar dos clichês do tipo de enredo surrado em que uma pessoa se revela ameaçadora stalker de outra, até a metade do filme, dando alguns descontos, a coisa vai - e atenção do espectador é mantida. Entretanto, no terço final tudo degringola com momentos até mesmo um tanto ridículos em que Isabelle Huppert dá passinhos de dança enquanto executa suas maldades. Em quais filmes Huppert não é malévola? Ninguém adverte a atriz sobre estar ficando marcada por tais composições de mulheres frias e ameaçadoras? Mas ela não precisava desta personagem escancaradamente psicopata estereotipada!

Para esticar o suspense, as decisões do pai da personagem vivida por Chloë Grace Moretz são estranhas: se Greta (Huppert) já havia sido retirada de um restaurante à força pela polícia, por que diabos, na hora de agir, o pai procura um detetive particular em vez de localizar a outra através da polícia? Parece que o personagem foi inventado apenas para Stephen Rea, ator de tantos filmes de Jordan, ter sua breve e dispensável aparição.

No mais, o filme macaqueia bem mal “O Colecionador” (1965) dando-se ao desplante de mostrar brevemente um quadrinho com uma borboleta no quarto que havia sido da filha de Greta... Comparação adversa ao extremo.

Lembrar de Traídos pelo Desejo (1992), Nó na Garganta (1997) ou Fim de Caso (versão de 1999) só faz decepcionar ainda mais quem já admirou estes filmes no currículo do cineasta.

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