Críticas


PONTE PARA TERABÍTIA

De: GABOR CSUPO
Com: JOSH HUTCHERSON, ANNASOPHIA ROBB, ZOOEY DESCHANEL
20.03.2007
Por Maria Silvia Camargo
OLHOS PARA VER

Em qualquer época os jovens precisam de autores que lhes expliquem o mundo adulto. Não que os adultos entendam o que acontece no mundo deles - mas quando um jovem nos pergunta alguma coisa, a maioria de nós acha que é hora de manter a pose - e de imbutir algum valor moral em nossa resposta. A autora norte-americana Katherine Paterson não é destas. Responsável pelo livro Ponte para Terabítia, com o qual venceu os dois maiores prêmios internacionais para literatura infanto-juvenil (o Hans Christian Andersen e Astrid Lindgren), ela acredita que o que garotos e garotas precisam são de respostas diretas. Nada de didática, nem de simplificação, nem de lição de moral. Ponte para Terabítia, por exemplo, foi escrito por ela para o filho David quando este perdeu sua melhor amiga. Katherine não doura a pílula.



Por isto o filme homônimo dirigido por Gabor Csupo (que até aqui só tinha criado e dirigido a animação Rugrats), bem fiel ao livro, não agrada aos muito pequenos. Os protagonistas Jesse (Josh Hutcherson) e Leslie (Anna Sophia Robb) estão, na realidade, na quinta série e têm entre onze e doze anos. Vivem no campo, sem TV - o que os mantêm de acordo com suas idades cronológicas. Jesse é o meio do sanduíche entre quatro irmãs - duas mais velhas e duas mais novas. Na escola também não consegue defender os pequenos e é infernizado pelos maiores. Como se não bastasse, foi escolhido pelo pai para ser o seu assistente nas infindáveis tarefas de casa, que incluem cuidar de sua irmã May Bell (Bailee Madison), de seis anos. Para fugir de tanta chateação, Jesse se refugia no desenho, viajando cada vez que pega em suas canetas coloridas.



É quando chega uma nova vizinha: Leslie, garota vinda da cidade com os pais, dois artistas. Ela é diferente em tudo: nas roupas, no comportamento, na imaginação. Logo os dois se tornam amigos inseparáveis, construindo um refúgio na mata atrás de suas casas. Batizado de Terabítia, este lugar é constantemente ameaçado por ogros e trolls - e defendido por eles, o rei e a rainha locais. Aqui se constrói a grande riqueza poética da história. Tudo o que é fantasioso só aparece por força da amizade dos dois. É a imaginação que um alimenta no outro que os permite "ver" estas coisas.



Ponte para Terabítia nada têm a ver com os delírios e a velocidade dos Harry Potter ou Eragons . E só se aproxima de Crônicas de Nárnia porque o nome Terabítia é uma homenagem de Mrs. Paterson a C. S. Lewis,que deu o mesmo nome a uma ilha fictícia do mundo de Nárnia. Sem quase efeitos especiais e com os pés bem fincados no chão, este filme amplia o universo do que deve ser lido e visto pelos mais jovens. E quem tiver olhos para ver nunca mais vai parar de descobrir surpresas.



# PONTE PARA TERABÍTIA (BRIDGE TO TERABITHIA)

EUA, 2007

Direção: Gabor Csupo

Roteiro: Jeff Stockwell e David Paterson, baseado em livro de Katherine Paterson

Produção: Lauren Levine, Hal Lieberman e David Paterson

Música: Aaron Zigman

Fotografia: Michael Chapman

Figurino: Barbara Darragh

Elenco: Josh Hutcherson, AnnaSophia Robb, Zooey Deschanel, Robert Patrick, Bailee Madison, Katrina Cerio, Devon Wood, Emma Fenton, Grace Brannigan.

Duração: 95 minutos.

Site Oficial: www.disney.com/terabithia

Voltar
Compartilhe
Deixe seu comentário