Críticas


MARTIN EDEN

De: PIETRO MARCELLO
Com: LUCA MARINELLI, JESSICA CRESSY, VINCENZO NEMOLATO
27.02.2020
Por Luiz Fernando Gallego
A mescla de aspectos românticos com imagens de filmes antigos traz uma certa originalidade à narrativa.

Livremente baseado em obra pouco conhecida de Jack London, o filme que levou o prêmio de melhor ator no Festival de Veneza de 2019 para Luca Marinelli, desperta interesse também por uma curiosa opção de sua narrativa: há uma mistura de aspectos românticos (um pouco à moda de alguns filmes de época assinados por François Truffaut) com anacronismos tais que acabam por soar originais. Imagens de filmes antigos em preto-e-branco pontuam o enredo que trata do desenvolvimento de um marinheiro rumo à atividade de escritor.

Sem educação formal além do elementar, é o deslumbramento com a irmã de um jovem que ele socorre numa briga que o motiva para a leitura, um caminho tortuoso e cheio de decepções, ainda mais que seus textos tratam da vida dos pobres e miseráveis com quem ele convive, não sendo uma leitura “fácil” para sua época (ou em todos os tempos). Também o engajamento em ideias políticas voltadas para essa população desvalida não vai facilitar a aceitação do que produz, prejudicando também o relacionamento amoroso com a moça que ele ama e sua família rica.

Uma elipse faz com que o ator surja grisalho no quarto final da projeção (que soa mais ácido e menos satisfatório), embora Marinelli justifique – até certo ponto – o prêmio de desempenho masculino no lugar de Joaquin Phoenix (que estava na mesma mostra com sua criação avassaladora como Coringa).

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