Críticas


FESTIVAL DO RIO 2007: DESERTO FELIZ

De: PAULO CALDAS
Com: NASH LAILA, PETER KETNATH, ZEZÉ MOTTA
30.09.2007
Por Marcelo Janot
FALTA ALMA

Em Deserto Feliz os diálogos são escassos. O que parece interessar ao diretor Paulo Caldas, radicalizando a proposta estética do filme que o revelou (Baile Perfumado, co-dirigido com Lírio Ferreira), é valorizar a beleza de cada plano, milimetricamente estudado para impressionar. E realmente impressiona. Parece incrível, mas não há um só plano no filme - fotografado por Paulo Jacinto dos Reis - que não chame a atenção, seja pela escolha das lentes, pelo uso de sombras, pelos movimentos de câmera, enfim... sente-se uma necessidade latente de reafirmar, a todo instante, que se está diante de uma obra que quer se impor por sua capacidade de oferecer, em sua totalidade, um espetáculo visual.



O problema é que a força das imagens acaba banalizada por tanta beleza, e um filme que trata de tema tão pungente – uma menina de 15 anos do interior de Pernambuco que vê na prostituição o possível caminho para uma vida de sonhos – acaba virando uma obra por vezes fria e sem alma. Impossível não lembrar de O Céu de Suely, com direito até a cenas muito parecidas – da garupa da moto, da dança/karaokê, mas o filme de Karim Aïnouz é indiscutivelmente mais bem resolvido. A jovem atriz Nash Laila é uma grata revelação, que está bem como todo elenco, e a trilha sonora é espetacular. Paulo Caldas tem enorme potencial como diretor, que poderá ser melhor aproveitado numa obra menos irregular.



# DESERTO FELIZ

Brasil, 2007

Direção:
PAULO CALDAS

Elenco: NASH LAILA, PETER KETNATH, ZEZÉ MOTTA

Duração: 88 minutos

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