“Sou feliz o bastante. Não espero muito, não dou muito, não recebo muito”, resume Cal, o mal humorado dono de uma lanchonete, cenário principal de Garçonete . Mas os horizontes de Jenna, protagonista da história, são estreitos demais. A moça vive um inferno conjugal e mora numa cidadezinha que não oferece perspectivas. Só encontra compensação no prazer em criar novas tortas. E na relação de cumplicidade com as amigas de trabalho.
Jenna começa a conquistar sua liberdade quando, após anos de infelicidade, passa a se dar o direito de viver uma aventura. Pode não ser muito. Mas é o cartão de despedida de Adrienne Shelly, diretora deste filme tão simpático quanto modesto, que foi assassinada em 2006. Shelly costuma ser lembrada por sua presença no excelente Confiança , de Hal Hartley. Poderia-se esperar, a partir daí, uma investida num projeto mais desestabilizador.
O próprio perfil da protagonista Jenna, moça insatisfeita com a gravidez que dá partida a um relacionamento extraconjugal, permitiria um desenvolvimento mais ousado. No entanto, Adrienne Shelly preferiu ater-se às convenções e se contenta em contar uma história inofensiva, que, provavelmente, não deixará marcas no espectador. Fica a lembrança de uma atriz promissora, dotada de certo timing, a julgar por sua composição para a irrequieta Dawn.
# GARÇONETE (WAITRESS)
EUA, 2007
Direção e Roteiro: ADRIENNE SHELLY
Produção: MICHAEL ROIFF
Trilha Sonora: ANDREW HOLLANDER
Fotografia: MATTHEW IRVING
Elenco: KERI RUSSELL, CHERYL HINES, ADRIENNE SHELLY
Duração: 107 minutos