Críticas


DRAGÃO VERMELHO

De: BRETT RATNER
Com: ANTHONY HOPKINS, EDWARD NORTON, RALPH FIENNES, EMILY WATSON
30.10.2002
Por Marcelo Janot
CANIBAL DE DIETA

Dragão Vermelho (Red Dragon) foi produzido claramente com a intenção de explorar a popularidade de Anthony Hopkins na pele do personagem Hannibal Lecter. É a parte inicial da trilogia escrita por Thomas Harris, e que inclui ainda O Silêncio dos Inocentes e Hannibal. Já tinha virado filme antes, em 1986, com o título de Manhunter (no Brasil, Dragão Vermelho mesmo), dirigido por Michael Mann (O Informante). Nele, o Dr. Hannibal Lecter (vivido por Brian Cox) ainda era um mero coadjuvante. Mas dois anos depois veio O Silêncio dos Inocentes, de Jonathan Demme, todo aquele sucesso, aquela chuva de Oscar.... Na ocasião, Thomas Harris aproveitou para relançar o livro Dragão Vermelho, acrescentando um novo prólogo a história.



Depois de faturar mais um pouco em 1999 com a continuação Hannibal, dirigido por Ridley Scott, o produtor Dino de Laurentiis resolveu refilmar o primeiro livro, com o novo prólogo escrito por Harris, e agora com um novo final escrito pelo roteirista Ted Tally, o mesmo de O Silêncio dos Inocentes. A participação de Hannibal Lecter cresceu um pouquinho, mas ele continua um mero coadjuvante. O filme é, na verdade, sobre um agente do FBI tentando prender um psicopata de tendências canibais. E não acrescenta nada a qualquer produção do gênero, e nem aos outros filmes da série.



O tal prólogo, que mostra Hannibal Lecter levando a sua vidinha (vidinha?) de civil antes de ser preso pela primeira vez, até que é interessante. Porém, é só um aperitivo que não mata a fome dos fãs do personagem. Depois, o que se vê é uma série de referências a O Silêncio dos Inocentes - seja em diálogos, seja na presença de personagens como o Dr. Frederick Chilton (Anthony Heald) – diluídas em meio à caça ao canibal da vez.



Se Hannibal não tem tanto destaque assim, para o filme funcionar deveria haver entre Edward Norton (o agente do FBI) e Ralph Fiennes (o psicopata) uma química que pelo menos chegasse aos pés do embate entre Anthony Hopkins e Jodie Foster. Mas a atuação de Norton poderia ser definida como burocrática, enquanto o personagem de Fiennes inspira mais pena do que medo. Só quem consegue se destacar é a sempre excelente Emily Watson, no papel de uma cega que se sente atraída pelo maníaco sem desconfiar de nada. Seu ar de bondade e pureza, aliado ao fato de que o vilão também não fala muito, faz com que a relação dos dois nos remeta a filmes como A Noiva de Frankenstein.



Se nem a presença de Hopkins e do roteirista de O Silêncio dos Inocentes foi capaz de dar algum frescor ao filme, a impressão que fica é a de que a saga do vilão mais popular das últimas décadas está chegando ao fim. A outra impressão que o filme deixa é a de que tomar tiro de revólver tem o mesmo efeito de uma cosquinha, pois o que tem de gente sendo crivada de balas e pouco depois aparecendo em plena forma não é brincadeira...



# DRAGÃO VERMELHO (RED DRAGON)

EUA, 2002

Direção: BRETT RATNER

Roteiro: TED TALLY

Produção: DINO E MARTHA DE LAURENTIIS

Fotografia: DANTE SPINOTTI

Montagem: MARK HELFRICH

Música: DANNY ELFMAN

Elenco: ANTHONY HOPKINS, EDWARD NORTON, RALPH FIENNES, EMILY WATSON, HARVEY KEITEL, MARY LOUISE PARKER

Duração: 124 min.

site: www.reddragonmovie.com

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