Críticas


FESTIVAL DO RIO 2008: LES AMOURS D´ASTRÉE…

De: ERIC ROHMER
Com: ANDY GILLER, STÉPHANIE CRAYENCOUR.
06.10.2008
Por Luiz Fernando Gallego
ARCADISTA E PASSADISTA

Acusado por seus detratores de “literário”, seus exegetas não vêem o menor problema nesta categorização, seja lá o que isso significaria na obra de Eric Rohmer. O cineasta, aos 88 anos de idade anuncia que este será seu último filme e tem um nome respeitado pela crítica internacional às custas de uma obra extremamente pessoal onde, sem dúvida, os personagens falam bastante, característica do cinema francês mais elitizado, quer atinja boa parcela do público (Truffaut, às vezes Chabrol), ou não (caso de Rohmer, dentre outros menos famosos e competentes).



Mais recentemente Rohmer ganhou maior divulgação no Brasil com o lançamento de muitos filmes seus em formato de DVD, incluindo vários que eram inéditos por aqui na tela grande. Mais conhecido pelos ciclos temáticos (os “contos morais” onde se destacam Minha Noite com Ela e O Joelho de Claire; a tetralogia do “contos das estações”: primavera, inverno, verão e outono; e os menos interessantes do grupo “Comédias e Provérbios”), ele também se destacou por seus peculiares filmes de época como “Marquesa d’O”, de 1976 e “A Inglesa e o Duque” de 2001.



A boa lembrança destes dois últimos poderá frustrar os que esperavam mais de LES AMOURS D´ASTRÉE ET DE CÉLADON, extraído de L´Astrée, obra do século XVII passada no século quinto, recriando o século mais anterior com os olhos do então atual. Características de Rohmer estão presentes na fidelidade de transposição visual do literário para a imagem cinematográfica, assim como se faz notar o habitual distanciamento quase “frio” em relação ao que é narrado.



Mas a lembrança da acusação de “literário” é inevitável pelos diálogos que tratam do amor, fidelidade, crenças religiosas, etc - que certamente cabem melhor à leitura do que à escuta. O filme acaba por lembrar o movimento arcadista com sua idealização e imaginário de ninfas e pastores aqui presentes, ao ar livre, com cantos à moda de trovadores, incluindo os de feitio debochado e irônico, contra o amor romântico idealizado e sofredor por mal-entendidos e pequenas traições ou desencontros circunstanciais seguidos de peripécias ingênuas como em contos infantis e populares antigos.



Como o arcadismo rococó que encontra menos eco na contemporaneidade e não deixou tantos grandes nomes ou obras como outros movimentos artísticos e literários, o filme soa passadista e arcaizante em sua pretensão (e radicalismo) de proposta, ainda que meritória pela independência e particularidade autoral, mas de interesse muito restrito por sua ambiciosa afetação intelectual do que se quer "moderno" através do que seria "eterno", mas estacionou em algum lugar do passado.



(LEP) - 14 anos

SAB (4/10) 14:15 Espaço de Cinema 1 [EC153]

SAB (4/10) 19:00 Espaço de Cinema 1 [EC155]

SEG (6/10) 16:30 Est Vivo Gávea 5 [GV542]

SEG (6/10) 21:30 Est Vivo Gávea 5 [GV544]

TER (7/10) 20:00 Est Barra Point 1 [BP159]



# LES AMOURS D´ASTRÉE ET DE CÉLADON (LES AMOURS D´ASTRÉE ET DE CÉLADON)

França/Espanha/Itália, 2007

Direção: ERIC ROHMER

Roteiro: ERIC ROHMER baseado em obra de Honoré d´Urfé

Fotografia: Diane Baratier

Edição: Mary Stephen

Música: Jean-Louis Valéro

Elenco: Andy Gillet, Stéphanie Crayencour, Cécile Cassel, Mathilde Mosnier

Duração: 109 minutos

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