Críticas


FESTIVAL DO RIO 2009: MOSTRA <i>O BRASIL DO OUTRO</i>

De: VÁRIOS DIRETORES
24.09.2009
Por Críticos.com.br
FESTIVAL DO RIO 2009: MOSTRA "O BRASIL DOS OUTROS"

SÓ QUANDO EU DANÇO (Only When I Dance)



Direção: Beadie Finzi



por Carlos Alberto Mattos em 29/09/2009



A dramaturgia não podia ser mais formulaica: dois jovens de origem humilde se destacam num centro de dança do Rio e, ajudados por uma persistente instrutora, disputam um lugar ao sol nos concursos internacionais. Competição, superação e ascensão fazem o tripé de um modelo consagrado por Hoop Dreams em 1994. Lá estão a dedicação dos pais, o esforço dos dançarinos para exceder suas limitações, o encantamento com a primeira viagem ao exterior, a tensão das competições, a espera dos resultados.



O filme da inglesa Beadie Finzi não quer reinventar o gênero, mas extrair o melhor possível. E consegue ao captar momentos preciosos e interligá-los num roteiro e numa edição cativantes. O uso da música também é excelente, sobretudo quando foge ao padrão esperado, como na cena de grand jetés ao som de Jorge Ben. Na leva de docs estrangeiros sobre as periferias brasileiras, esse exemplar não tem nenhum passo em falso.



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SÉRGIO, UM BRASILEIRO NO MUNDO (Sergio)



Direção: Greg Barker



por Carlos Alberto Mattos em 25/09/2009



A biografia de Sérgio Vieira de Mello, como escrita por Samantha Power, é o ponto de partida para um filme que vai ao cerne de várias questões. Ao concentrar-se principalmente no atentado do dia 19/8/2003 em Bagdá, o diretor Greg Barker funde um comovente drama humano com detalhes (ainda) reveladores do absurdo que foi a presença da coalizão liderada pelos EUA no Iraque. É absorvente e às vezes lancinante a reconstituição dos trabalhos de resgate – com vinhetas reencenadas à Errol Morris – e o relato de envolvidos, testemunhas e sobreviventes.



Ao mesmo tempo, lá está a dimensão grandiosa desse super-diplomata e bombeiro político, comparado a uma mistura de James Bond com Bobby Kennedy. E ainda sua carismática figura humana, sem faltar menção às relações extra-conjugais. Um belíssimo doc de recorte clássico, comedido e irretocável na forma como trata uma perda trágica para o mundo inteiro.



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O AREAL



Direção: Sebasstián Sepúlveda



por Carlos Alberto Mattos em 24/09/2009



O chileno Sebastián Sepúlveda, ex-aluno da Escola de Cinema de Cuba, estreia na direção com este média rodado na Amazônia paraense. Sem pressa e com bom senso de observação, retrata o ritmo da vida numa comunidade de descendentes de escravos. Isolados, eles se cercam de uma mitologia cheia de pássaros encantados, lobisomens, sereias d’água, Matinta Pereira. Os relatos são bonitos e divertidos. O filme demora um pouco a instalar sua questão central: uma grande ponte está sendo construída ali perto, e a especulação se aproxima do areal supostamente mágico que os separa do resto do mundo.



A lembrança de Arraial do Cabo se faz inevitável. Após um salto de três anos, finalmente o tema se apresenta: nem a aproximação do progresso, nem a chegada dos evangélicos pode enterrar as crendices, capazes de gerar tanto medo quanto alegria. Nesse caso, pelo menos, a cultura parece mais forte que o tempo.

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