Críticas


FESTIVAL DO RIO 2009: MOSTRA LIMITES E FRONTEIRAS

De: VÁRIOS DIRETORES
24.09.2009
Por Críticos.com.br
FESTIVAL DO RIO 2009: MOSTRA LIMITES E FRONTEIRAS

FIXER: O SEQUESTRO DE AJMAL NAQSHBANDI (Fixer: The Taking of Ajmal Naqshbandi)



Direção: Ian Olds



por Carlos Alberto Mattos em 30/09/2009



Mesmo depois de tantos filmes sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão, este doc de Ian Olds ainda tem um ângulo inédito para revelar. É o trabalho dos fixers, profissionais locais que auxiliam jornalistas estrangeiros em áreas de conflito. Ajmal Naqshbandi, por exemplo, era o típico faz-tudo: traduzia, organizava contatos e entrevistas, servia de guia e intérprete da realidade afegã na época dos talibãs. Quando, em 2007, foi sequestrado junto com um jornalista italiano, Ajmal teve pouco tempo para corrigir sua visão inocente dos compatriotas. O empenho do governo oficial se limitou a libertar o italiano, enquanto o fixer ficava nas mãos dos talibãs, que o decapitaram.



O filme denuncia essa diferença fatal, contando com cenas de arrepiar os cabelos. Elas incluem vídeos talibãs (com imagens de decapitação parcialmente encobertas) e muitas conversas entre um jornalista americano e o próprio Ajmal, anteriores a seu sequestro. Esse último material é um elogio da reportagem total, mostrando que o dia-a-dia do fixer também interessava à equipe da qual ele tomava parte.



___________________________________________________________________________________



SUSSURROS AO VENTO (Sirta la gal ba)



Direção: Shahram Alidi



Por Daniel Schenker Wajnberg em 26/09/2009



Shahram Alidi revela méritos cinematográficos nada desprezíveis em Sussurros ao Vento , centrado na figura de Mam Baldar, idoso que transita entre vilarejos devastados pela guerra no Curdistão iraquiano transmitindo via rádio mensagens de guerrilheiros às suas famílias. O bom trabalho de som, entre canções melódicas e ruídos ásperos, sobressai.



O espectador também confere imagens bem construídas, ainda que não propriamente originais. Exemplos: as sequências da mensagem escrita na janela poeirenta de um carro, logo apagada pela chuva, das mulheres listando os assassinados durante a guerra e da imagem em sombras de alguém que narra a história dos curdos, que buscaram a imortalidade através de Gilgamesh.



_________________________________________________________________________________



O MENINO E O CAVALO



(The Horse Boy)



Direção: Michel Orion Scott



por Carlos Alberto Mattos em 25/09/2009



Em matéria de abordagem do autismo, o filme de Michel Orion Scott situa-se a meio caminho entre o tom “pra cima” de Autism: The Musical e o tom “pra baixo” de O Nome dela é Sabine. Durante uma viagem aventuresca do Texas às estepes da Mongólia em busca de cura xamânica para seu filho autista, o casal Isaacson é visto lutando contra as dúvidas e comemorando as pequenas vitórias. Mas os vemos também no stress dos retrocessos e nos momentos de profundo cansaço e desânimo perante um desafio hercúleo.



O pequeno Rowan tem uma relação especial com animais, principalmente cavalos, e esse é o fio condutor tanto da experiência, como do filme. A câmera viajante capta os comentários imediatos dos pais, em vez de reflexões ponderadas a posteriori. Daí um sentido de urgência, temperado pelo lirismo com que são tratados lugares e sentimentos. Daí também o espectador se envolver facilmente na obstinação e na doçura dos Isaacson.



___________________________________________________________________________________



RACHEL



Direção: Simone Bitton



por Carlos Alberto Mattos em 24./09/2009



São dramáticas e cheias de idealismo as imagens de jovens ativistas estrangeiros tentando impedir com seus corpos que os pesados buldozzers israelenses derrubem casas palestinas em operações na Faixa de Gaza. A americana Rachel Corrie era um deles. Tinha 23 anos em março de 2003, quando um buldozzer provocou sua morte. Se o ato foi direto ou indireto, intencional ou involuntário é apenas uma questão falsamente importante (um macguffin, diria Hitchcock) no filme de Simone Bitton, ela própria uma ex-soldada israelense.



O que se descortina na tela é um quadro mais amplo: as razões de jovens como Rachel para se arriscarem no International Solidarity Movement; a importância que esses “internationals” adquirem para as famílias palestinas que tentam proteger; os mecanismos legais que evitam a incriminação dos soldados envolvidos. A diretora usa com sobriedade documentos impressos e audiovisuais, assim como o diário e e-mails de Rachel. Por isso destoa o depoimento de um soldado não identificado com a intenção de caracterizar sadismo e irresponsabilidade por parte dos israelenses. Não precisava. O filme é mais complexo do que isso.

купить диван киев недорого
www.dmi.com.ua
復縁相談したい.com/

Voltar
Compartilhe
Deixe seu comentário