Críticas


FESTIVAL DO RIO 2010 – mostra "FOCO ARGENTINA"

De: VÁRIOS DIRETORES
Com: VÁRIOS INTÉRPRETES
02.10.2010
Por Críticos.com.br
FOCO ARGENTINA - FESTIVAL DO RIO 2010

CARANCHO (Carancho)



de Pablo Trapero.



Argentina / França / Chile, 2010. 107min.



por Luiz Fernando Gallego



O cineasta argentino Pablo Trapero retoma algumas características de seu excelente filme anterior, Leonera (2008) no mais recente Carancho: há um enredo ficcional que se desenvolve sob uma questão social. Na obra anterior, presidiárias grávidas ou com filhos pequenos que ficam nas cadeias até os 4 anos para serem separados das mães nesta idade; agora, oportunistas que, como aves de rapina (e é isso que quer dizer “carancho”), buscam vítimas de acidentes automobilísticos, atropelamentos e colisões graves, seja nos hospitais, seja em delegacias e até mesmo nas ruas onde os acidentes acabaram de acontecer – mas para enganar pessoas humildes e ficar com a melhor parte das indenizações.



Em Leonera havia intencional omissão de dados sobre a personagem central que acabava presa e condenada, ficando o foco centrado na vida dentro do presídio feminino e na questão da maternidade dessas mulheres. Era interessante a falta de definição sobre sua conduta moral e verdadeira culpabilidade, deixando de lado a busca da simpatia apriorísitca do espectador. Em Carancho, também há omissão sobre o motivo que fez o personagem masculino perder uma licença profissional, e é por isso que trabalha como um “urubu” em busca de vítimas para uma agência que busca obter procurações dos acidentados ou de seus parentes (quando há mortes) visando receber os seguros. Em princípio, este sujeito também não é nada simpático, mas virá a aparentar ser “menos criminoso” do que outros do mesmo ramo e ainda piores do que ele em enganar os clientes mais ingênuos e desinformados.



Da mesma forma, há todo um desenvolvimento do relacionamento entre este homem e uma médica de pronto-socorro cuja atividade a deixa sempre próxima dos feridos nas ruas. A vida dela também tem aspectos sórdidos - e é como dois perdedores que vão se identificar e viver a possibilidade de escapar dos aspectos mais mórbidos do que fazem e de como vivem.



Como no filme anterior, a protagonista feminina é Martina Guzman (esposa do diretor) em outra excelente criação. E ao lado dela Ricardo Darin surge recuperado do “piloto automático” menos expressivo que foi sua participação em O Segredo dos seus Olhos. A tela larga de Trapero busca os rostos dos atores em planos fechados, situação em que os desempenhos ficam mais expostos – e a dupla mostra-se exemplar no que é exigido.



A câmera é tensa e há várias tomadas circulares nos planos-seqüência em movimento quase incessante, mantendo a atenção e tensão da plateia: tanto para o que é visto em foco como no que sai e entra em cena à medida em que a câmera se move. A linguagem utilizada não é gratuita para atender a um modismo ou virtuosismo estéril, mas faz parte de uma variação sobre um tema típico do “filme noir”: a corrupção envolvente e a busca de redenção por parte de alguém que tenta emergir da lama moral a qualquer preço.



Pode-se questionar o desfecho com algo na base de uma “solução” de roteiro com ajuda de um “deus ex machina” (ou mesmo de um anti-deus ex machina”). Mas não há prejuízo do melhor que o filme sustenta habilmente.



Um Certo Olhar do Festival de Cannes 2010.



Foco Argentina - (LEP) - 16 anos



DOM (3/10) 14:45 Espaço de Cinema 1 [EC156]



DOM (3/10) 19:15 Espaço de Cinema 1 [EC158]



SEG (4/10) 15:20 Est Vivo Gávea 5 [GV552]



SEG (4/10) 21:50 Est Vivo Gávea 5 [GV555]



QUI (7/10) 13:20 Est Barra Point 2 [BP266]



19:00 Cine Santa [ST017]



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OS LÁBIOS (Los Labios)



de Santiago Loza e Ivan Fund. Argentina, 2010. 100min



por CARLOS ALBERTO MATTOS



Eva Bianco, Victoria Raposo e Adelia Sanchez dividiram o prêmio de melhor atriz na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes deste ano pela atuação em Los Labios. Para elas, deve ter sido uma experiência fascinante atuar como assistentes sociais interagindo de fato com os moradores de uma pequena e pobre cidade do interior da Argentina. Elas passam veracidade nas conversas e contatos físicos com os não-atores do lugar, famílias carentes que se dispuseram a vivenciar o jogo de cena proposto pelos diretores Santiago Loza e Ivan Fund.



Para o espectador, no entanto, em que pese o talento das atrizes, o filme não chega a se realizar como experiência. A interação com os habitantes limita-se às consultas e coleta de informações sobre os meios de vida e as carências locais, além de uma sequência deslocada e gratuita numa noitada de bar. Entre as três, pouquíssimo se concretiza como conhecimento mútuo e formação de laços. O roteiro elimina qualquer informação sobre elas, investindo numa vaga fórmula de forasteiros que chegam a uma comunidade e que tampouco se conhecem entre si.



Resta uma sucessão de atos desses anjos do arrabalde, cujas vidas nos são negadas e cujas personalidades mal se insinuam através de silêncios artificiais e inquietações sugeridas de maneira confusa. Um pouco menos de pretensão e depressão e um pouco mais de radicalidade poderiam levar a bom termo essa proposta que tinha lá seu interesse.



Foco Argentina - (LEP) - 14 anos



TER (28/9) 14:30 Espaço de Cinema 2 [EC226]



TER (28/9) 19:00 Espaço de Cinema 2 [EC228]



QUI (30/9) 16:00 Est Vivo Gávea 1 [GV132]



QUI (30/9) 22:30 Est Vivo Gávea 1 [GV135]



SEX (1/10) 19:30 Est Barra Point 1 [BP139]



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SINTO SUA FALTA (Te Extraño)



De Fabián Hofman. Argentina/México, 2010 (96’)



Por Daniel Schenker Wajnberg



O universo temático da ditadura militar, pela constância com que é evocado, tornou-se praticamente um gênero cinematográfico. Nada contra. O problema é a repetição de enfoques. Até hoje A História Oficial (1985), de Luis Puenzo, mantém lugar destacado. Em meio à produção nacional não há como deixar de evocar Nunca fomos tão Felizes (1984), de Murilo Salles, e A Cor do seu Destino (1986), de Jorge Durán – o primeiro focando o regime militar brasileiro e o segundo, o chileno, ambos sob perspectiva intimista.



Sinto sua Falta , de Fabián Hofman, lembra um pouco A Cor do seu Destino . O foco central também recai, aqui, sobre a repercussão suscitada pela perda de um irmão mais velho na vida de um adolescente. Mas o filme de Durán leva larga vantagem. Munido de correção algo convencional, Hofman mostra o doloroso rito de passagem do jovem Javier, obrigado a deixar a Argentina rumo ao México, onde se exila na casa de parentes, devido ao risco que corre no contexto adverso da ditadura. A condução do diretor é particularmente notada no previsível encaminhamento dos personagens rumo a um catártico embate ao final. Não seria justo negar eventuais qualidades a Sinto sua Falta , mas o problema da falta de especificidade se impõe.



Foco Argentina – (LEP) – 14 anos



SEG (27/9) 19h Cine Santa (ST001)



TER (28/9) 15h30 Est Barra Point 2 (BP222)



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NORBERTO APENAS TARDE (Norberto Apenas Tarde)



de Daniel Hendler.



Uruguai / Argentina, 2010. (83min)



Por Luiz Fernando Gallego



A demissão do emprego vivida pelo personagem-título de Norberto apenas tarde o conduz a uma crise comum nessas situações: ele mente para a esposa ao dizer que teve a iniciativa de se despedir da empresa (como se o fato de ser despedido fosse uma vergonha e evidência de uma incapacidade profissional - que geralmente não é o motivo pelo qual há tantos desempregados).



Mas o roteiro do diretor Daniel Hendler não se interessa pela questão social do desemprego e parece pretender seguir o mesmo clima afetivo de filmes anteriores - dirigidos por Daniel Burman - em que ele trabalhou como ator, como Abraço Partido e As Leis de Família. Aliás, Burman é co-produtor desta estréia do ator Hendler na direção de um longa. Infelizmente, o roteiro é bem insatisfatório: por exemplo, no desenvolvimento da questão conjugal entre a esposa e ‘Norberto’ – enquanto outros aspectos da crise (mais existencial, talvez) do personagem merecem um espaço que pouco ou nada acrescentam à evolução do enredo.



O que permite que atenção do espectador não se desinteresse totalmente pelo filme é a composição exata do ator principal, Fernando Amaral – e um certo “suspense” sobre o sucesso ou fracasso da empreitada teatral de um personagem que se apresenta "certinho", “quadrado” e até mesmo algo insosso: chega a parecer que o ator tem este mesmo temperamento, mas quando ‘Norberto’ começa a se enturmar com a rapaziada mais jovem do que ele do curso de teatro, o ator, sem exagero algum, mostra a versatilidade que tem em ir modificando sutilmente o perfil do personagem.



É pouco, entretanto, para recomendar o filme que, caso fosse um “caso especial” de uma hora para a TV, seria mais satisfatório. E mesmo assim, necessitaria de mais cortes em aspectos que se alongam (nos trechos em que ‘Norberto’ trabalha como corretor de imóveis) e melhor tratamento da relação do personagem com sua mulher.



Foco Argentina - (LEP) - 14 anos



QUI (30/9) 13:20 Est Barra Point 2 [BP231]



SAB (2/10) 17:00 Espaço de Cinema 2 [EC251]



SAB (2/10) 21:30 Espaço de Cinema 2 [EC253]



SEG (4/10) 15:10 Estação Ipanema 1 [IP152]



SEG (4/10) 19:30 Estação Ipanema 1 [IP154]



TER (5/10) 17:30 Est Vivo Gávea 5 [GV558]

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