O diretor Eran Riklis se tornou um dos principais nomes do cinema israelense graças a filmes como A Noiva Síria (2004) e Lemon Tree (2008), que ofereciam uma visão crítica dos conflitos políticos na Palestina, através de uma abordagem humanista que privilegiava aspectos inusitados e surreais. Ambos eram centrados na figura de mulheres fortes que desafiavam os paradoxos das disputas fronteiriças para exercerem o seu direito de ir e vir.
Em seu último filme, A Missão do Gerente de Recursos Humanos, a principal personagem feminina já está morta desde o início da trama. Yulia era imigrante de um país católico do leste europeu e foi vítima de um atentado suicida em Jerusalém. Pra evitar complicações diplomáticas, a dona da panificação onde Yulia trabalhava ordena que o gerente de Recursos Humanos de sua empresa leve o cadáver de volta à terra dela para um enterro digno.
O nome do país nunca é mencionado, mas o diretor dá várias pistas de que seja a Romênia - entre elas um cachecol do popular time de futebol Steua Bucareste O que o interessa é registrar, com sarcasmo, a via crucis tragicômica do gerente por uma nação ainda sob os efeitos da queda do império comunista, onde a burocracia e a corrupção predominam. Nada que filmes romenos como A Leste de Bucareste já não tenham mostrado.
E é aí o ponto falho da empreitada. Sem muita originalidade, o filme acaba perdendo impacto. O paralelo que se faz com a vida pessoal do gerente também é frouxo. Mas há bons momentos: cenas como a do filho de Yulia ouvindo música ocidental no tanque de guerra que carrega o caixão de sua mãe possuem um forte valor simbólico e estão à altura dos outros trabalhos de Riklis.
# A MISSÃO DO GERENTE DE RECURSOS HUMANOS (The Human Resources Manager)
Israel/Alemanha/França, 2010
Direção: ERAN RIKLIS
Roteiro: NOAH STOLLMAN
Elenco: MARK IVANIR, NOAH SILVER, GURI ALFI
Duração: 103 min.