Críticas


ALBERT NOBBS

De: RODRIGO GARCÍA
Com: GLENN CLOSE, JONATHAN RHYS MEYERS, MIA WASIKOWSKA
28.03.2012
Por Daniel Schenker
SEXUALIDADE ENFOCADA COM CAUTELA

Albert Nobbs transita com excessiva cautela pelo pantanoso terreno da sexualidade. O diretor Rodrigo García (do irregular Coisas que Você Pode Dizer só de Olhar para Ela ) traz à tona a história da personagem-título, que assume identidade masculina para permanecer trabalhando como mordomo, atividade que desempenha com rigor inigualável, na Irlanda do século XIX. A verdadeira identidade de Albert é descoberta pelo pintor Hubert Page – que, como Albert, é uma mulher.



Os casos, porém, são diferentes, ainda que ambos se apresentem ao mundo como homens depois de vivenciarem situações traumáticas como mulheres. Hubert se sente adequada, de fato, com a identidade masculina e mantém um casamento com uma mulher, Cathleen, reproduzindo uma estrutura heterossexual. Já Albert se revela mais nebulosa. Parece reprimir o desejo de se portar como mulher. Apesar de adaptada às vestes masculinas, demonstra considerável desconforto quando se fecha no quarto. À medida que a projeção avança, Nobbs se interessa pela jovem Helen Dawes, mas sem evidenciar propriamente desejo sexual.



Sem dúvida, as construções das personagens de Albert Nobbs e Hubert Page são o que há de mais interessante. Escorado num conto de George Moore, Rodrigo García, contudo, não valoriza o universo da sexualidade como poderia, apostando suas fichas no triângulo amoroso entre Nobbs, Dawes e o interesseiro namorado dela, Joe Mackins. As limitações do filme são superadas, de qualquer modo, pelo excelente desempenho de Glenn Close, que já havia interpretado a personagem no teatro em 1982. A atriz investe numa construção contida, bastante minuciosa. Seu trabalho é a grande atração de Albert Nobbs .

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