Críticas


VIOLETA FOI PARA O CÉU

De: ANDRES WOOD
Com: FRANCISCA GAVILÁN, THOMAS DURAND, CHRISTIAN QUEVEDO
09.06.2012
Por Marcelo Janot
A PACIÊNCIA FOI PARA O CÉU

“Violeta Foi Para O Céu” apresenta às novas gerações a figura de Violeta Parra (1917-1967), a cantora mais famosa da história da música chilena. Os brasileiros nascidos nos anos 70 talvez lembrem dela através de históricas interpretações de Mercedes Sosa junto com cantores brasileiros para um de seus grandes sucessos, “Volver a Los 17”. Quem não sabe muito mais que isso provavelmente sairá do filme de Andres Wood sem entender por que, afora sua inegável qualidade musical, Violeta ainda seria capaz de despertar alguma admiração.



A narrativa fragmentada deixa clara a intenção do diretor em oferecer um retrato de uma personagem multifacetada e contraditória. A menina tímida se transforma numa mulher de personalidade forte. Engajada na causa comunista, vai se apresentar na Polônia deixando a filha recém-nascida em casa, que acaba morrendo por desleixo. Sua obsessão em lutar contra o colonialismo cultural vai desde o bravo processo de resgate das raízes da música chilena a radicalismos como se recusar a cantar o “Parabéns Pra Você” por se tratar de “música ianque”. E como alguém que queria fazer a “verdadeira música das Americas” romper fronteiras se limita a passar um longo tempo de sua vida escondida no interior do país investindo em uma Lona Cultural frequentada por ninguém?



São muitos e extensos os números musicais em “Violeta Foi Para O Céu”, que deixam a sensação de repetição e redundância, de um tipo de música que tem sua força maior na mensagem que carrega, e que por isso soaria datada nos dias de hoje (assim como soariam também Mercedes Sosa e Joan Baez, por exemplo). E quando a coisa passa para a vida pessoal, o filme se perde de vez. O relacionamento amoroso com marido suíço merece um tratamento folhetinesco e ocupa tempo demais na narrativa, que tem como fio condutor o recurso batido de uma entrevista para a TV. Por detrás de uma pretensa ousadia estética (que inclui tentativas frustadas de se fazer poesia, como repetidos closes hiperrealistas num globo ocular e um ranger de portas incessante), o filme acaba se revelando uma cinebiografia reverente, com uma trama sem conflitos suficientemente fortes para tirá-lo de um incômodo marasmo.

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