Críticas


E AÍ, COMEU?

De: FELIPE JOFFILY
Com: BRUNO MAZZEO, MARCOS PALMEIRA, EMILIO ORCIOLLO NETO
22.08.2012
Por Susana Schild
APENAS CONVERSA DE BOTEQUIM

E Aí, Comeu? vem sendo apresentada como “a primeira comédia verdadeira sobre o amor”. Menos, marqueteiros, menos. Para ficarmos por perto: e filmes de Domingos de Oliveira, Sandra Werneck, Daniel Filho, Guel Arraes, Jorge Furtado? São divertidos, românticos, verdadeiros e ainda oferecem pitadas de sutileza e delicadeza. Já a adaptação da peça de Marcelo Rubens Paiva, co-roteirista com Lusa Silvestre, manda um cardápio mais pesado e carrega na dose de erotismo primário, ingrediente essencial a sucessos nacionais recentes.



Trocando em miúdos: três marmanjos juram que adoram mulheres e sofrem muito por elas. Conversa. Eles gostam mesmo é de esmiuçar suas performances sexuais em mesa de bar, com assessoria do garçom Seu Jorge (o próprio).



Calado, o trio até que é jeitoso. Mas abriu a boca... As mocinhas da mesa ao lado reagem – em vão. Quem não gostar, que se mude. Talvez ‘os meninos’ tenham lá suas desculpas. Fernando (Bruno Mazzeo) foi abandonado (pudera, com aquele repertório), Honório (Marcos Palmeira) troca o mulherão (Dira Paes) pelos amigos, e o aspirante a escritor e carente Fonsinho (Emilio Orciollo) carece de um bom trato para melhorar nas duas áreas.



O diretor Felipe Joffily ( Ódiquê? , Muita Calma Nessa Hora ) confirma sua habilidade em obter atuações espontâneas e há inegáveis valores de produção. Mas a puerilidade das tramas paralelas não melhora o sabor dos pratos feitos. E não adianta evocar Tom e Vinicius no final do jogo e transformar mocinhos enrustidos em românticos incuráveis. O bonequinho não dá duas semanas para efetuem uma triunfal volta ao bar.



Crítica publicada no jornal O Globo em 22/06/2012

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