Críticas


JACK – O CAÇADOR DE GIGANTES

De: BRYAN SINGER
Com: NICHOLAS HAULT, EWAN McGREGOR, ELEANOR TOMLINSON, STANLEY TUCCI
29.03.2013
Por Marcelo Janot
Na versão vitaminada e violenta de João e o Pé de Feijão, os gigantes são muito mais interessantes que os humanos.

Nem a singela historinha de João e o pé de feijão escapou da tendência atual de se repaginar contos de fadas para o cinema com muita ação e violência, que já se nota a partir do título "Jack – O Caçador de Gigantes". Dirigido por Bryan Singer (de "X-Men" e "Os Suspeitos"), o filme preserva pouca coisa do texto original do século 19. O básico está lá: Jack (o nosso João) é um camponês que tenta vender um cavalo (ao invés de uma vaca) pra ajudar nas despesas da casa e recebe em troca grãos de feijão que, ao serem molhados, crescem rapidamente rumo aos céus, desembocando numa cidade habitada por gigantes - não mais um único casal de gigantes de quem João roubou a galinha dos ovos de ouro, mas uma população de perigosos e assustadores seres devoradores de humanos. As "gigantas", sabe-se lá por que, desapareceram na versão cinematográfica.

O conto infantil de moral duvidosa (afinal, João era um ladrão!) virou uma aventura juvenil com direito também a um insosso romance entre o já crescido Jack (Nicholas Hault, o garoto de "Um grande garoto") e a princesa do reino de Cloister (Eleanor Tomlinson), prometida para o tirano vivido por um quase irreconhecível Stanley Tucci. Como o casal de protagonistas é inexpressivo e o vilão caricato, é preciso que os gigantes criados por computador entrem em cena para o filme finalmente engrenar, com a ajuda de Ewan McGregor como coadjuvante – seu personagem, um destemido guardião do reino, é uma espécie de Hans Solo que repete "Star Wars" e brilha mais do que o casal a la Luke e Princesa Leia.

Desde a ambientação do mundo onde vivem até os pequenos detalhes das feições e comportamento, os gigantes são espetaculares. Se contribuem para a atmosfera de violência que faz o deleite da garotada, por outro lado também oferecem alguns momentos de bom humor, especialmente a cabeça "extra" do temido general Fallon. O roteiro é tatibitati e tem algumas falhas graves (ninguém questiona Jack sobre como aquele pé de feijão monstruoso surgiu ali), embora ao final tente estabelecer uma curiosa ponte com a monarquia inglesa dos dias de hoje.

No final das contas, a ação é o que compensa. Mas apesar das várias cenas de batalha, os efeitos 3D praticamente inexistem, parecendo mera opção mercadológica pra atrair público. E o pior é que no Brasil, onde a projeção já não é das melhores, o uso dos óculos especiais acaba tornando as imagens ainda mais escuras e sem contraste.

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