Críticas


HOMEM DE FERRO 3

De: SHANE BLACK
Com: ROBERT DOWNEY JR, GWYNETH PALTROW, BEN KINGSLEY
16.05.2013
Por Carlos Brito
Tratar de temas mais complexos sem a devida profundidade joga contra a produção.

Logo na primeira cena de “Homem de Ferro 3”, o diretor Shane Black (“Beijos e Tiros”) deixa evidente sua principal intenção: reforçar o papel do indivíduo em detrimento da tecnologia. Não por acaso, os quadros iniciais da produção são dedicados a mostrar as armaduras do gênio e bilionário Tony Stark explodindo. Essa vontade – a de mostrar que o herói reside, de fato, no homem e não na máquina – estará presente no restante do filme. Infelizmente a serviço de um roteiro bastante pobre, o que faz com que esta terceira parte seja, de longe, a pior da franquia iniciada em 2008.

Aqui, após os eventos mostrados em “Os Vingadores”, acompanhamos Stark (Robert Downey Jr.) enfrentando um de seus inimigos clássicos dos quadrinhos: o Mandarim (Ben Kingsley). E é justamente nesse personagem que reside, talvez, o ponto mais fraco de toda a trama. Por meio dele, o diretor faz uma tentativa de aplicar uma espécie de truque no público – a intenção é desviar o foco de quem seria o verdadeiro inimigo. Apesar de partir de uma premissa interessante – os Estados Unidos sempre precisam de um adversário com características teatrais, como Osama bin Laden – o desenvolvimento da ideia na verdade mais decepciona que surpreende. Faltou, ao que parece, um pouco mais de leitura da cartilha de como se criar um suspense.

O roteiro tenta incutir profundidade psicológica nos personagens principais por meio de supostos conflitos – o mais evidente é apresentado ao espectador por meio da insatisfação demonstrada Pepper Potts (Gwyneth Paltrow), interesse romântico de Stark. Suas constantes reclamações sobre a falta de amadurecimento do parceiro parecem ter sido inseridas na história para fazer eco junto ao público feminino. No fim das contas, entretanto, elas pouco ou nada servem para fazer com que a história caminhe para frente. Além disso, também há uma meia dúzia de personagens cujas motivações parecem bem pouco verossímeis. O texto ainda recorre à antiga e desgastada muleta do “parceiro infantil” que, neste caso específico, serve apenas para garantir alguns momentos – muito breves – de alívio cômico.

Ao fim do filme, fica a sensação de que os responsáveis pela série “Homem de Ferro” deveriam ter se mantido no caminho original: a de fazer com que seus filmes sejam obras destinadas, sobretudo, ao entretenimento. Tratar de temas mais complexos – como ameaças terroristas e amadurecimento – sem a devida profundidade apenas jogou contra a produção.

Voltar
Compartilhe
Deixe seu comentário