Críticas


CAMILLE CLAUDEL 1915

De: BRUNO DUMONT
Com: JULIETTE BINOCHE, JEAN-LUC VINCENT
11.08.2013
Por Dinara Guimarães
Duas trajetórias de afirmação do sujeito moderno

Em seu novo filme, Camille Claudel 1915, Bruno Dumont trabalha com a justaposição de contrastes que resultam esclarecedores, ressaltando momentos pontuais. A começar pela escolha de Juliete Binoche sem maquilagem, deslumbrante no papel da Camille Claudel “louca”: sempre apreendida isolada em imagens fixas com enquadramento fechado no seu rosto sofrido, distante do universo de loucura das demais internas, cujos semblantes desfigurados prenunciam que a tentativa de sobrevida ali nada mais é que o apagamento do sujeito. No entanto, não é o que acontece com Camille Claudel, em cuja loucura se revela a própria afirmação do sujeito.

Desde a abertura, Dumont desnuda a loucura de Camille como afirmação do sujeito. Ela é mostrada despida à beira de uma banheira sendo levada pelas freiras para tomar banho e lavar as mãos que mantém sempre sujas - o traço da escultora no seu trabalho com o barro que ainda conserva sua identidade dentro do Asilo de Montdevergues: um hospício só para mulheres, onde ficou confinada até a morte.

Dumont resume no confronto entre a loucura de Camile, a escultora, e a espiritualidade religiosa de seu irmão, Paul Claudel (Jean-Luc Vicent), o grande poeta que foi igualmente um homem político, duas trajetórias “heterodoxas” de afirmação do sujeito: de um lado a “doença” psíquica, do outro a poesia. O filme mostra Paul tão delirante como Camille, mas, mesmo contrastando os seus discursos, prevalece o da natureza antisocial do feminino ao invés da antiracionalidade do masculino: duas trajetórias de afirmação do sujeito moderno.

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Outros comentários
    552
  • Katia Angeloff
    12.08.2013 às 17:18

    Ótima crítica. Dá conta totalmente do flime.
  • 553
  • severiano
    13.08.2013 às 04:09

    bão,quando se trata d pessoas com doenças mentais eu sempre penso se não seria os normas q deveriam ser internados ,tenhm esperiencia d muitas internações em manicomios por causa de minhas bebedeiras na decada de 20 e até hoje nunca li alguem falar uma caisa conciente d manicomios,e lÁ NOS MONICOMIO0S FALTA TUDO MENOS CONCIENCIA,qunato a personagem de camille só vendo o filme para entender melhor q se fala,d qualquer forma mostrar a historia de camille dentro de um hospicio é uma forma bem legal de mostrar as fases de um ser humano!
  • 555
  • Katia Angeloff
    14.08.2013 às 19:13

    Excelente crítica. Dá conta da totalidade do filme.
  • 562
  • fernando freitas
    18.08.2013 às 14:23

    talentosa !! minha querida amiga DINARAGUIMARAES!! so mesmo uma mulher tão,tão especial e aguçada com o comteporaneo. vai além da mofada psicanálise. filim de dinara me deixa enebriado. fernando. educador,ator. a-do-rei !! bjs...
  • 570
  • Reinaldo Leal
    20.08.2013 às 20:56

    Dinara, sempre brilhante, desnuda o filme de forma precisa, objetiva, compreensível e racional.