“Por onde anda Fernando Albagli?” era a pergunta que mais se ouvia entre a equipe de Críticos.com.br, estranhando a ausência de nosso colega tanto das páginas do site quanto das sessões dos filmes para a crítica. O sumiço de Albagli por vários meses se explica e justifica com a chegada às livrarias de Tudo Sobre O Oscar, um impressionante volume de 700 páginas, em formato álbum, com tudo, mas tudo mesmo, que se pode imaginar sobre o mais badalado prêmio do cinema mundial.
Após uma introdução em que explica a origem da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, as normas de votação, as condições de elegibilidade em cada uma das categorias e oferece uma série de dados estatísticos, Albagli começa a relembrar toda a história do Oscar, ano a ano, desde o primeiro ano da festa de premiação, em 1929. A riqueza de detalhes é impressionante. Cada cerimônia de entrega de prêmios é relatada minuciosamente. Fica-se sabendo, por exemplo, que naquele primeiro ano, a cerimônia foi solenemente ignorada pelos principais jornais americanos, e que a entrega das estatuetas, feita pelo presidente da Academia, Douglas Fairbanks, durou exatos quatro minutos e vinte e dois segundos. Outra curiosidade: em março de 1944, ano em que Casablanca, de Michael Curtiz, saiu vitorioso, os coadjuvantes pela primeira vez passaram a receber estatuetas, ao invés de placas, e a cerimônia foi transmitida pelo rádio, inclusive para as tropas americanas sediadas na Europa durante a Guerra.
O grande diferencial de Tudo Sobre o Oscar para outras publicações do gênero é seu caráter enciclopédico, ao invés de meramente estatístico. Todos os filmes vencedores nas principais categorias são descritos em um longo texto de conteúdo informativo, às vezes crítico, que mistura sinopse com dados de produção e curiosidades sobre a carreira e repercussão da obra. Em alguns casos, ao final dos comentários sobre os filmes há pequenos trechos de críticas publicadas em diversos veículos brasileiros, uma forma de se travar um pequeno contato, ainda que superficial, com o trabalho de críticos que marcaram época no país, como Antonio Moniz Vianna e Fernando Ferreira.
Outro aspecto formidável do livro é que ele também serve como dicionário de diretores, atrizes e atores. São mais de 300 biofilmografias de vencedores da estatueta dourada, de Frank Borzage (melhor diretor em 1929 por Sétimo Céu) a Catherine Zeta-Jones (melhor atriz coadjuvante em 2003 por Chicago). Nessa hora é que se lamenta que Alfred Hitchcock, Orson Welles, Charles Chaplin, Martin Scorsese e David Lynch, entre outros, nunca tenham sido eleitos melhores diretores, pois, por conta disso, acabaram ficando de fora das biofilmografias do livro. Para quem ainda leva a sério o caráter artístico, e não apenas mercadológico da premiação, resta torcer para que a Academia corrija essas injustiças nas próximas votações, para que pelo menos os grandes diretores ainda vivos possam figurar com o merecido destaque nas próximas edições de Tudo Sobre o Oscar.
# TUDO SOBRE O OSCAR
De Fernando Albagli
Zit Editora
700 páginas
