Especiais


A ARTE DA CRÍTICA

06.03.2004
Por Carlos Janot
O LUGAR DO CRÍTICO

Seja qual for a corrente ou o pensamento individual de cada profissional, é fora de dúvida que a crítica de artes tem por função, ao fim e ao cabo, colocar em discussão o fazer artístico e seus resultados. Por força desse hábito, as discussões sobre a própria atividade crítica integram o cotidiano da maioria dos críticos. Fazem (ou deveriam fazer) parte da dinâmica de aprimoramento e atualização necessária ao ofício.



Mas esse auto-exame raramente extrapola o âmbito dos contatos interpessoais ou, quando muito, a esfera do debate acadêmico. Não é sempre que se tem a oportunidade de reunir jornalistas e críticos que militem nos vários setores artísticos para um debate público, transparente e enriquecedor.



Algumas questões sempre voltam à tona quando se trata de discutir o papel da crítica de artes. Outras se apresentam como temas do momento, geradas por novas formas de diálogo cultural.



Artistas e críticos dividem o mesmo público. Mas será que participam de um mesmo sistema? O fato de trabalharem em pólos diferentes e lidarem com expectativas distintas pode fazê-los antagonistas inconciliáveis ou cúmplices estratégicos na ampliação e no refinamento do consumo de arte. Tudo depende de como os críticos vêem a si próprios.



A crítica equilibra-se entre a necessidade de atender a uma demanda pública e a responsabilidade pela influência que pode exercer sobre os rumos da arte. Muitas vezes, isso provoca o surgimento de um dilema entre cumprir uma agenda de comunicação com o público e ser uma espécie de reserva de consciência da cultura. Daí a conveniência de se discutir o posicionamento do crítico em relação à indústria cultural: como elemento integrado ou como instância plenamente independente.



As fronteiras ficam ainda mais borradas quando se pensa na atividade crítica como uma possível forma de arte. O texto crítico, por exemplo, pode constituir um gênero literário em si. A crítica de cinema, quando feita com o uso de imagens, pode assumir o papel de um discurso audiovisual autônomo, com suas próprias qualidades de eficiência, beleza etc. Uma palestra crítica pode enveredar pela performance. A atuação de um curador de exposições pode ser encarada como uma contribuição artística à parte.



Afora essas questões de caráter geral, o crítico de arte hoje se defronta com desafios específicos de seu tempo. A internet e a interatividade colocaram novas necessidades para o consumidor de crítica. Por outro lado, a difusão cada vez maior da produção artística de parcelas outrora excluídas do diálogo cultural – como a das favelas e periferias – levou à multiplicação dos sujeitos do discurso e à urgência em se rever conceitos e critérios há muito cristalizados no pensamento crítico.



Da mesma forma, verifica-se hoje uma crescente descentralização do discurso crítico para além dos espaços tradicionais, na direção do jornalismo opinativo, do colunismo, dos websites e blogs pessoais etc. O crítico pode estar às portas de uma crise de poder ou de uma nova era de espaço abundante. Mais uma vez, tudo depende de como o crítico percebe o seu lugar na dinâmica da cultura.





A ARTE DA CRÍTICA

Centro Cultural Banco do Brasil – Rio

9 a 19 de março – terça a sexta-feira – 18h30

Entrada franca – Senhas distribuídas a partir de 18h




LITERATURA – 9 de março, terça-feira

ADRIANA LISBOA – Escritora e tradutora, autora dos romances “Os fios da memória”, “Sinfonia em branco” (Prêmio José Saramago) e “Um beijo de Colombina”.

CECÍLIA COSTA – Jornalista e escritora, edita o caderno Prosa e Verso do jornal O Globo.

PAULO ROBERTO PIRES – Editor. Professor da UFRJ. Autor de "Hélio Pellegrino - A paixão indignada" e do romance "Do amor ausente". Colunista do site No Mínimo.

SILVIANO SANTIAGO - Escritor e crítico literário, autor de, entre outros, "Em liberdade", "Stella Manhattan" e "Viagem ao México" (romances), "Uma literatura nos trópicos" e "Nas malhas da letra" (crítica).

Mediadora: SUSANA SCHILD – Crítica de cinema, escreveu para o Jornal do Brasil e O Estado de São Paulo. Dirigiu a Cinemateca do MAM e é autora de “Hector Babenco – Coração Iluminado / A história de um filme”.





TELEVISÃO – 10 de março, quarta-feira

AMÉLIA GONZALEZ – Crítica de televisão do jornal O Globo, onde também é editora da Revista da TV.

ARTUR XEXÉO – Editor e colunista do Segundo Caderno do jornal O Globo. Ex-repórter de televisão das revistas Veja e Isto É, ex-colunista do Jornal do Brasil e autor do livro “Janete Clair”.

MAURO MENDONÇA FILHO – Diretor de televisão e teatro, dirigiu os programas “Fantástico”, “A Grande Família”, as telenovelas “Força de um desejo”, “O Dono do Mundo” e “Renascer”, da Rede Globo, entre outros.

WILSON CUNHA – Jornalista, crítico de cinema, diretor do canal Multishow, formatou o Canal Brasil, do qual foi diretor de 1998 a 2004.

Mediadora: IVANA BENTES – Crítica de cinema, co-editora da revista Cinemais, pesquisadora, escritora, professora da UFRJ e apresentadora do programa Curta Brasil/TVE.



TEATRO – 11 de março, quinta-feira

BARBARA HELIODORA – Crítica do jornal O Globo, tradutora de teatro.

LIONEL FISCHER – Crítico da Tribuna da Imprensa, editor da revista Cadernos de Teatro, autor, ator e diretor teatral, professor de interpretação do Tablado.

SERGIO BRITTO – Diretor, produtor e ator de teatro, apresenta o programa Arte com Sergio Britto/TVE.

TÂNIA BRANDÃO – Crítica e pesquisadora, escreveu para Última Hora, O Globo e Jornal do Commercio, entre outros. Professora de pós-graduação em Teatro da Uni-Rio.

Mediador: DANIEL SCHENKER WAJNBERG – Crítico e repórter de teatro e cinema, escreve para Tribuna da Imprensa e Críticos.com.br. Ator e professor de teoria do teatro da CAL.



MÚSICA POPULAR – 12 de março, sexta-feira

ARTHUR DAPIEVE – Colunista do jornal O Globo e do site No Mínimo, professor da PUC-Rio, autor de “Brock – O Rock Brasileiro dos anos 80”, “Renato Russo – O Trovador Solitário” e “Guia do Rock em CD”.

HUGO SUKMAN – Crítico de música e cinema e repórter do jornal O Globo, para o qual foi correspondente em Paris por 2 anos. Foi crítico de cinema do JB e da revista Cinemin.

LOBÃO – Músico, compositor e editor da revista OUTRACOISA.

TÁRIK DE SOUZA – Crítico de música do Jornal do Brasil, pesquisador e autor de, entre outros, “Tem mais samba – Das raízes à eletrônica”.

Mediador: MARCELO JANOT – Presidente da ACCRJ, editor do site Críticos.com.br, DJ, escreveu sobre cinema e música para o Jornal do Brasil, O Dia, Showbizz, International Magazine, entre outros.



DANÇA – 16 de março, terça-feira

LIA RODRIGUES – Bailarina e coreógrafa, diretora artística do Panorama RioArte de Dança, fundadora da Lia Rodrigues Cia de Dança, que apresentou recentemente os espetáculos “Aquilo de que somos feitos” e “Formas breves”.

NAYSE LÓPEZ – Jornalista e crítica de dança, dirige o site idança.net e escreve para a revista alemã BalletTanz, para o jornal português Público e para a revista Bravo, entre outros.

ROBERTO PEREIRA – Crítico de dança do Jornal do Brasil, diretor e professor da UniverCidade, autor de "A Formação do Balé Brasileiro - Nacionalismo e Estilização”, entre outros.

SILVIA SOTER - Crítica de dança do jornal O Globo e professora da faculdade de dança da UniverCidade.

Mediadora: MARIA SÍLVIA CAMARGO – Jornalista cultural com passagens pelo Jornal do Brasil e Veja Rio, crítica de cinema, autora de “Mulher e trabalho – 32 histórias” e “24 dias por hora – Quanto tempo o tempo tem”?.



CINEMA – 17 de março, quarta

EDUARDO VALENTE – Editor e crítico da revista eletrônica Contracampo, dirigiu dois curtas-metragens e organiza mostras e festivais.

JOSÉ WILKER – Ator, comentarista do canal Telecine, presidente da distribuidora Riofilme e ex-colunista de cinema do Jornal do Brasil.

MURILO SALLES – Cineasta, fotógrafo e roteirista, dirigiu “Seja o que Deus quiser”, “Como nascem os anjos” e “Nunca fomos tão felizes”, entre outros.

RODRIGO FONSECA – Crítico de cinema do Jornal do Brasil e repórter da “Revista de Cinema”, está preparando seu primeiro curta-metragem.

Mediador: CARLOS ALBERTO MATTOS – Crítico, co-editor do site Críticos.com.br, autor de “Walter Lima Jr. – Viver Cinema” e “Eduardo Coutinho – O Homem que Caiu na Real”.



MÚSICA CLÁSSICA – 18 de março, quinta-feira

CLÓVIS MARQUES – Crítico com 30 anos de militância em diários e revistas editados no Rio, traduziu cerca de 50 livros e publicou "Mário Tavares, uma vida para a música".

LUIZ PAULO HORTA – Crítico de música do jornal O Globo, membro da Academia Brasileira de Música, autor de diversos livros sobre música clássica.

MARCOS RIBAS DE FARIA – Crítico de cinema, teatro e música, autor de trilhas sonoras para teatro e tradutor.

RONALDO MIRANDA – Compositor, diretor da Sala Cecília Meirelles, jornalista, mestre em Música pela UFRJ, doutor em Artes pela USP, ex-crítico de música do Jornal do Brasil.

Mediador: FERNANDO FERREIRA - Professor da PUC-Rio, ex-crítico de cinema e música.



ARTES PLÁSTICAS – 19 de março, sexta-feira

AFFONSO ROMANO DE SANT’ANNA – Colunista do jornal O Globo, ex-presidente da Biblioteca Nacional, autor de cerca de 30 livros e de estudos sobre o Barroco e a Pós-Modernidade.

ANNA BELLA GEIGER – Artista plástica e pesquisadora com vasta produção teórica e didática. Trabalha em diferentes meios com conteúdos ligados à imagem dos mapas. Uma das pioneiras da videoarte no Brasil.

FERNANDO COCCHIARALE – Crítico de arte, curador-geral do MAM-Rio, professor de Estética na PUC-RJ e da EAV-Parque Lage. Foi coordenador de Artes Plásticas da Funarte.

LUIZ CAMILO OSÓRIO – Crítico de arte do Jornal do Brasil, curador de exposições, autor do livro “Flávio de Carvalho”.

Mediador: CARLOS BRANDÃO – Diretor para a América Latina da FIPRESCI (Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica), diretor do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro.



Realização e patrocínio: CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL

Promoção: ASSOCIAÇÃO DE CRÍTICOS DE CINEMA DO RIO DE JANEIRO

Curadoria: CARLOS ALBERTO MATTOS E MARCELO JANOT



Centro Cultural Banco do Brasil

Rua Primeiro de Março, 66 - Centro - Rio

Tel.: (21) 3808-2020

e-cultura.com.br


Convênio com o terminal Garagem Menezes Cortes - TGMC, de onde vans exclusivas e gratuitas do Seguro OURO AUTO levam o público até o CCBB Rio.



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