Críticas


CASADENTRO

De: JOANNA LOMBARDI
Com: ÉLIDE BRERO, STEPHANIE ORÚE, DELFINA PAREDES
07.08.2015
Por Carlos Alberto Mattos
Um sugestivo retrato de família vindo do Peru

Primeiro longa de Joanna Lombardi, Casadentro honra o bom cinema peruano do qual o pai dela, Francisco Lombardi, é um símbolo. Passado inteiramente no interior de uma casa de província, observa minuciosamente as obsessões e insatisfações de um pequeno grupo de pessoas. A idosa Pilar, que vive sozinha com duas empregadas e uma cadela de estimação, recebe na véspera do seu aniversário a visita de um das filhas, que chega junto com a filha dela, a neta e o genro. A súbita ocupação da casa não só abala a rotina de Pilar, como expõe um incômodo generalizado entre as diversas gerações de personagens.

O bebê que não dorme direito, a jovem mãe que se vitimiza, a mãe dela que guarda velhas mágoas da velha Pilar e tem ciúmes da cachorra, as rixas entre as duas empregadas, a TV que não funciona direito, as moscas... A exemplo do animal, que segue obstinadamente todos os movimentos da sua dona, cada criatura ali parece ser movida por uma ideia fixa que a aprisiona e define. Joanna narra esse huis clos em bonitos planos fixos, rigorosamente decupados de maneira a criar expectativas sobre o que está fora do quadro. Se o filme pode parecer lento na decolagem, logo percebemos que sua força está na forma como se aferra ao chão da casa e acaba criando um sugestivo retrato de família com o acúmulo de tantas coisinhas miúdas.

Uma curiosidade: o subtema do leite materno conecta CASADENTRO a outro sucesso recente do cinema peruano, "La Teta Asustada".

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