Críticas


KILL BILL VOL. 2

De: QUENTIN TARANTINO
Com: UMA THURMAN, DAVID CARRADINE, DARYL HANNAH, MICHAEL MADSEN
13.10.2004
Por Marcelo Janot
AGORA É ESPERAR A VERSÃO REUNIDA

Com o lançamento de Kill Bill Vol. 2, Quentin Tarantino e a Miramax concluem com êxito uma das maiores picaretagens comerciais da história do cinema: um filme dividido ao meio para ser lançado como dois filmes e, assim, faturar em dobro. Deu certo – foram US$ 180 milhões em caixa do primeiro filme e o segundo, até o início de agosto, já tinha amealhado US$ 150 milhões no mundo inteiro. Obviamente que isso trouxe enormes prejuízos artísticos, especialmente ao primeiro volume, inconclusivo e nitidamente esticado para completar a metragem de um longa, com um excesso de entediantes cenas de luta que só se justificam como exercício estético.



Em Kill Bill Vol. 2, Tarantino consegue ser muito mais bem sucedido, porque une o seu virtuosismo estilístico com seqüências cheias de longos e afiadíssimos diálogos, outra de suas marcas registradas. Além disso, é no volume dois que ele vai desenvolver melhor as características da Noiva (Uma Thurman), Bill (David Carradine) e dos outros personagens, para que finalmente o espectador embarque nessa história clássica de vingança temperada com molho tarantino.



Ao invés dos banhos de sangue cartunescos do primeiro, aqui Tarantino vai mais fundo nas referências ao cinema de gênero, como o western spaghetti e principalmente os filmes kung fu da década de 70, dos quais ele deliciosamente copia desde cenários até os movimentos de câmera, naquele que é o melhor capítulo do filme – o rito de iniciação da Noiva nas artes marciais, pelas mãos do mestre Pai Mei.



Um dos grandes méritos do cinema de Quentin Tarantino é a forma como ele consegue, através de diálogos entre dois personagens, preparar o espectador para a cena que virá, criando uma expectativa que ao final se revela surpreendente, jamais redundante. E nesse quesito em especial David Carradine e Uma Thurman protagonizam momentos que entrarão para as antologias da obra do cultuado diretor.



Kill Bill 2 também não escapa de um excesso de gordura – toda a seqüência que mostra o personagem Budd (Michael Madsen) discutindo com seu patrão era perfeitamente dispensável, assim como a luta entre a Noiva e Elle Driver (Daryl Hannah) repete basicamente o que já tinha sido visto na coreografia do embate entre Uma Thurman e Vivica Fox no início de Kill Bill vol. 1, entre outros possíveis cortes. Mas não duvide se daqui a algum tempo formos presenteados com um único Kill Bill na “versão do diretor”, reunindo os dois filmes em uma duração mais enxuta e, aí sim, podendo transformar Kill Bill na obra-prima que os dois volumes, separados, não conseguiram ser.



# KILL BILL – VOLUME 2

EUA, 2004

Direção e roteiro: QUENTIN TARANTINO

Elenco: UMA THURMAN, DAVID CARRADINE, DARYL HANNAH, MICHAEL MADSEN

Duração:135 minutos

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