Críticas


WHISKY

De: JUAN PABLO REBELLA e PABLO STOLL
Com: ANDRÉS PAZOS, MIRELLA PASCUAL, JORGE BOLANI
27.11.2004
Por Marcelo Janot
EMOÇÕES CONTIDAS

Melancólico, poético, dramático mas bem humorado, Whisky é um tratado sobre a solidão, a decadência e a falta de comunicação entre gente comum como Jacobo, dono de uma velha fábrica de meias em Montevidéu, e Marta, sua funcionária mais antiga e aplicada. Prestes a receber a visita do irmão que migrou para o Brasil e foi bem-sucedido, ele resolve preparar uma farsa para tentar fingir que sua vida deu certo, e para isso contrata Marta para fingir que é sua mulher. Sem nunca desrespeitar a “fasa nupcial”, ela desenvolve uma contida afeição pelo patrão.



A opção estética dos diretores Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll descarta o caminho fácil da comédia rasgada e se vale de tons cinzentos e longos planos fixos para melhor traduzir, com pitadas de humor negro, a imobilidade e melancolia que envolve os personagens. Em diversos aspectos, Whisky remete, sob a perspectiva terceiro-mundista, ao filme Encontros e Desencontros, de Sofia Coppola. Só que, naquele, os personagens são pessoas bem-sucedidas financeiramente, cujas vidas estão presas às engrenagens do mundo capitalista, sem que o dinheiro possa comprar a felicidade. Em Whisky, o dinheiro, quando surge ao acaso, traz a felicidade para Jacobo apenas na medida que seu grau de resignação e pragmatismo permite, contrastando com tudo o que Marta tem dentro de si para colocar pra fora e não pode.



# WHISKY

Uruguai, 2003

Direção e roteiro: JUAN PABLO REBELLA E PABLO STOLL

Elenco: ANDRÉS PAZOS, MIRELLA PASCUAL, JORGE BOLANI

Duração:94 minutos

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