Como os rios na Amazônia, a idéia da adoção atravessa e fertiliza Tainá 2 – A Aventura Continua. Tainá cresceu e agora é uma pequena guerreira ambientalista que adota a floresta inteira sob seu instinto maternal. Nisso é imitada pela indiazinha Catiti, uma espécie de irmã adotiva mais nova. Boa parte da nova aventura consiste na busca de Catiti por um bichinho de estimação para adotar. Quando um menino da cidade grande se perde na mata à procura do seu cachorrinho, é praticamente adotado por Tainá, que o ajuda a sobreviver e com quem estabelece um rascunho de envolvimento romântico.
A força do tema da adoção ajuda a despertar o interesse não somente das crianças, seu alvo principal, mas também dos adultos. E nesse sentido o filme ainda conta com um apelo extra-cinematográfico, mediante a habilidosa divulgação de que a pequena atriz Eunice Baía vive hoje em São Paulo, sob a tutela da produtora de elenco e atriz Noêmia Duarte. A meta dos produtores, além de reeditar o sucesso do primeiro filme nas salas de cinema comerciais, é levar Tainá 2 a ser também “adotado” pelas escolas como espetáculo de cunho educativo, formador de consciência ecológica e de identidade brasileira.
Não será difícil repetir o desempenho de Tainá 1 ou mesmo superá-lo. A qualidade da produção continua impecável e a articulação de personagens, animais e cenários naturais é de novo convincente. Sob a direção de Mauro Lima, o filme mantém o sabor de uma aventura hollywoodiana adaptada à escala e aos ingredientes brasileiros. A Amazônia na tela scope é sempre um espetáculo grandioso, a que a fotografia de Uli Burtin serve majestosamente. Há uma leveza e um humor muito saudáveis no trato com os aspectos mágicos, associados principalmente a um pajé que se confunde em seus poderes. Tudo é altamente codificado – vilões, espertalhões e trapalhões, cada um com sua cara. Mas algumas nuanças de comportamento na relação entre os três protagonistas infantis abrem espaço para a discussão de sentimentos mais complexos, como vaidade, rejeição e renúncia.
Insuficiências de roteiro ou decisões de edição acabaram por prejudicar os personagens do Professor Gaspar, outro guardião da floresta a bordo de uma asa delta, e da vilã Dona Zuzu, cujas maiores chances vêm justamente quando uma macaca toma o lugar da atriz Chris Couto. Do sugestivo painel sonoro que guarnece todo o filme só destoam duas canções melosas que não encontram lugar na história ou na atmosfera, figurando apenas como emulações servis de fórmulas disneyanas. Eunice Baía tornou-se uma adolescente bonita e esguia, mas ainda precisa colorir a maneira como diz o texto.
# TAINÁ 2 – A AVENTURA CONTINUA
Direção: MAURO LIMA
Produção:: PEDRO ROVAI
Roteiro: CLÁUDIA LEVAY
Fotografia: ULI BURTIN
Montagem: DIANA VASCONCELLOS
Música: LUIZ AVELLAR
Direção de arte: OSCAR RAMOS
Som: JORGE SALDANHA
Elenco: EUNICE BAÍA, VITOR MOROSINI, ARILENE RODRIGUES, DANIEL MUNDURUKU, ARAMIS TRINDADE, LEANDRO HASSUM, RONEY VILLELA, CHRIS COUTO, KADU MOLITERNO
Site oficial: clique aqui
