Críticas


AGNUS DEI

De: ANNE FONTAINE
Com: LOU DE LAÂGE, AGATA BUZEK, VINCENT MACAIGNE
13.07.2016
Por Luiz Fernando Gallego
Desigual, na maior parte do tempo frio e aquém das possibilidades.

Vagamente inspirado no relato de uma médica da Cruz Vermelha francesa que trabalhou na Polônia no final da II Guerra, o roteiro deste filme (Les Innocentes, no original) é assinado pela diretora Anne Fontaine e por Pascal Bonitzer, também diretor eventual, mas mais frequentemente roteirista com importantes trabalhos para realizações de André Téchiné e Jacques Rivette. Entretanto, o resultado desta vez ficou a anos-luz de um Rivette ou mesmo de um Téchiné, desperdiçando o assunto de base em situações-clichê.

Em um convento polonês, após seguidas invasões de soldados russos e alemães, um grande número de freiras estupradas encontra-se em adiantado estado de gravidez. As atitudes de alguns personagens, como as da madre superiora, são até previsíveis, mas quando se revelam de fato e batem na tela são momentos que tendem ao grotesco. Ainda que plausíveis - dentro de premissas religiosas fundamentalistas/preconceituosas - cabe assinalar que se assumiram um aspecto grotesco é porque houve problemas na roteirização e/ou de direção.

Alguns momentos de bela fotografia e enquadramentos elegantes não redimem o filme que se arrasta. O tema, bastante delicado, demandava direção e roteiro que driblassem as previsíveis armadilhas da situação em discussão. O maior esforço parece o de ter sido evitar o melodrama, mas isso acabou resultando em um filme desigual, na maior parte do tempo frio e muito aquém das possibilidades.

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