Críticas


O SHAOLIN DO SERTÃO

De: HALDER GOMES
Com: EDMILSON FILHO, IGOR JANSEN, FALCÃO.
20.10.2016
Por Hamilton Rosa Jr.
Diversão popular que não menospreza a inteligência do espectador

Já inventaram de tudo pra artes marciais, menos um filme com acento cearense e um herói de kung fu que dança xaxado. O Shaolin do Sertão propõe a brincadeira com entusiasmo. Pega um elemento aqui, outro ali da tradição do espetáculo oriental, põe na panela, e injeta o baião de dois com uma boa dose de pimenta.

O filme do cearense Halder Gomes é diversão popular que não menospreza a inteligência do espectador e dá um passo a frente do que o diretor mostrou em Cine Holliúdi. O filme tem um colorido e uma variedade de tiradas cômicas escrita por L.G Baião, que coloca 80% das comédias feitas pela Globo Filmes no chinelo. Não porque as tiradas sejam originais, mas porque envolvem o espectador com sua empatia e convite a cumplicidade.

O timing do protagonista Edmilson Filho vem da tradição dos cômicos mudos. Muitas vezes a câmera está parada, e ele domina o espaço com o gestual. É quase uma coreografia, que ele limpa pra ninguém perceber como foi elaborada. Na tela parece simples.

A trama em si conta a velha história do rapaz pobre, desajeitado, sem encantos, um certo Aluisio Li, que na terra de Raquel de Queiroz (Quixadá) tem a chance de mostrar seu valor num mano a mano com um troglodita da cidade grande. Acontece que Aluísio é expert nas artes marciais só na imaginação. Com o amigo Piolho (o ator mirim Igor Jansen) ele procura um mestre (o cantor Falcão) para treiná-lo.

Essa é a única parcela séria do enredo que se mantém de pé e o público fica torcendo para que o protagonista não chegue ao fim sem um nocaute. Por que rasteiras, tombos e coices são o que ele mais leva. E Halder Gomes interliga uma piada na outra como se fosse uma fieira de bombinhas que não param de estourar. Claro, nem todas as piadas são boas. Algumas se desenham mas não se completam, outras são repetitivas. Mas o humor popular tem dessas.

Mistura-se acrobacias com patetagens, e é aquela velha história: às vezes um palhaço, com sua visão torta expõe mais propriedades sobre uma escola ou gênero, que um estudo sério. E Halder e sua equipe nunca desperdiçam o material.

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