Críticas


O CINEMA DE MOHAMED KHAN

30.06.2017
Por Leonardo Luiz Ferreira
A roteirista e também cineasta Wessman Soliman, viúva do diretor egípcio, conversou com o site

A 1ª Mostra de Cinema Egípcio Contemporâneo, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil, com produção de Amro Saad, teve como foco uma retrospectiva do cineasta Mohamed Khan. Apesar de longa filmografia, os seus trabalhos permaneciam inéditos no país. O evento apresentou 13 longas-metragens em que o diretor desenvolve o seu olhar neorrealista para mazelas sociais, minorias e, com interesse especial, ao universo feminino. O falecimento prematuro em 2016 encerrou uma carreira premiada e que merece ser descoberta. Durante a mostra, sua viúva, a roteirista e também cineasta Wessman Soliman, marcou presença no CCBB do Rio de Janeiro para discutir com o público o cinema de Mohamed Khan e a condição atual do cinema no Egito. Ela concedeu a seguinte entrevista ao site:

Críticos.com.br - Qual é a sua primeira lembrança de cinema?

Wessman Soliman: As primeiras lembranças de cinema vêm dos filmes infantis que eu assisti. E Alice no País das Maravilhas foi o primeiro de todos.

Fale um pouco sobre sua trajetória e como chegou até o cinema.

Meus primeiros trabalhos foram como escritora de romances. Depois eu me aproximei da Academia de Cinema e me tornei roteirista.

O roteiro de Factory Girl (foto) aborda preconceito, feminismo e diferença de classes. Qual é o papel da mulher hoje no Egito? Você já sofreu algum preconceito profissional?

Não existe um papel específico da mulher. O filme não foi um protesto social, mas uma apresentação da luta da mulher no Egito. Elas muitas vezes trabalham diariamente e sustentam a casa. Nós temos que lutar contra as diferenças sociais e de gênero. Eu nunca sofri preconceito na parte profissional, no meu trabalho. No cinema do egípcio existem várias diretoras mulheres, roteiristas e produtoras, e não enfrentamos grandes problemas.

Uma das principais referências para o cinema de Mohamed Khan é o neorrealismo italiano. Quais são suas principais influências?

A minha principal influência é o cinema de Michelangelo Antonioni.

O cinema egípcio não chega ao Brasil em circuito comercial, apenas em festivais. Fale um pouco sobre o cinema egípcio contemporâneo (filmes, autores, descobertas, temas).

O cinema egípcio, como em todos os lugares, tem dois lados: o cinema comercial - grandes produções, com atores famosos, mas que não criam ideias novas – e, o outro lado, o cinema independente, jovem, que tem mais criatividade, mais novidades, que “sai fora da caixa”, mas que, infelizmente, não tem muita verba. Hoje em dia, esta situação está começando a mudar, e a captação de recursos para estes filmes está melhorando. Estes longas também costumam trabalhar com atores jovens, menos conhecidos, pois, muitas vezes, o cachê de um ator famoso é todo o orçamento de um filme independente. Basicamente, os trabalhos estão divididos entre esses dois caminhos. Às vezes, tem algum filme independente com uma verba um pouco maior que consegue ter atores famosos. A grande produção hoje é de filmes comerciais. Mas temos tentativas individuais bem interessantes.

Voltar
Compartilhe
Deixe seu comentário