O diretor alemão Andreas Dresen costuma ter todos os seus filmes exibidos no Festival do Rio, e só mesmo a amizade dele com a direção do evento justifica isso. Seu cinema alterna filmes ruins com outros apenas simpáticos, caso desse Verão em Berlim. Na primeira exibição do filme no Festival do Rio, sábado no Estação Botafogo, o boa-praça Dresen estava presente, e contou que a trilha sonora trazia uma versão em alemão (!) para o samba “Canta, canta, minha gente”, de Martinho da Vila.
A música acaba desviando um pouco o foco do que Verão em Berlim tem de melhor: seu olhar sobre a realidade quase terceiro-mundista em que vivem os personagens do filme. E olha que estamos falando de alemães “puros”, e não de imigrantes de países pobres. Falta de estrutura familiar e desemprego são os principais temas abordados. Uma das protagonistas, Katrin, não consegue trabalho de vitrinista porque tem 40 anos de idade. A outra, Nike, trabalha como enfermeira de idosos, mas as normas impostas pela agência que a emprega não permitem que o afeto seja parte do dever.
O filme cai quando escorrega feio no melodrama ao abordar o problema de alcoolismo de Katrin e sua relação com o filho. Por outro lado, cresce quando a atriz Nadja Uhl está em cena. Ela compõe bem o tipo “mulher de malandro”, que vive um romance bem-humorado com um caminhoneiro, e sua exuberante forma física é um detalhe que não passa despercebido pelo diretor em nenhum momento.
#VERÃO EM BERLIM (Sommer vorm Balkon)
Alemanha, 2005
Direção: ANDREAS DRESEN
Elenco: NADJA UHL, INKA FRIEDRICH, ANDREAS SCHMIDT
Duração: 110 min.