Críticas


A CASA DE CECÍLIA

De: CLARISSA APPELT
Com: CAROL PITA, TAINÁ MEDINA
07.08.2015
Por Carlos Alberto Mattos
Suspense sorumbático não consegue se instalar

Como exercício de cinema universitário, A Casa de Cecília tem seus méritos: aborda um gênero em voga no cinema jovem brasileiro, demonstra bom sentido de colocação de câmera e decupagem espacial, foge à afobação de fazer um portfólio do talento do cineasta iniciante. Já como cinema profissional, falta um bocado de coisa.

A começar pelo ritmo com que é contada a história da menina solitária, encerrada numa casa grande, que pressente presenças misteriosas e recebe a visita de outra menina enigmática que tenta lhe ensinar sobre desapego, a começar pelos entes queridos e os objetos de estimação. A diretora Clarissa Appelt, 26 anos, toma o suspense psicológico como motivo para uma encenação sorumbática, arrastada e monocórdica. Esse equívoco, aliás, tem sido frequente no cinema de terror sóbrio por aqui – vide a produção de Marco Dutra e Juliana Rojas. A pegada melancólica se estende aos movimentos um tanto robóticos das atrizes, embora suas falas sejam quase sempre fiéis ao que se espera de adolescentes naquela condição.

O que mais frustra no filme, porém, é o fato de que o clima de inquietação nunca chega a se instalar, mesmo com o apelo a sonoridades "estranhas" e outros chavões como ranger de portas e manchas crescentes de umidade nas paredes. O tema da morte, insinuado aqui e ali, fica também num estranho limbo de indefinição.

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