Críticas


FESTIVAL DO RIO 2006: LUZES NA ESCURIDÃO

De: AKI KAURISMAKI
Com: JANNE HYYTIÄINEN, MARIA HEISKANEN, MARIA JÄRVENHELMI, ILKKA KOIVULA
22.09.2006
Por Daniel Schenker
DIFERENTES CAMADAS DE TEMPO

O diretor Aki Kaurismaki trabalha, em Luzes na Escuridão , com diferentes camadas de tempo. Num plano mais evidente, contrasta referências antigas (através de objetos tidos como obsoletos, caso da vitrola, e de canções, a exemplo de El Dia que me Quieras , de Carlos Gardel) com contemporâneas. Não é só. Kaurismaki também imprime fluxos temporais diversos. Ao longo da projeção, prioriza cenas essenciais, suprimindo as passagens entre umas e outras; mas a seqüência em que registra um show de rock parece durar mais do que a passagem de um ano de prisão, demarcada, rapidamente, pela alternância das estações.



O objetivo não se limita ao de tão-somente suscitar estranheza no público. Aki Kaurismaki é portador de um cinema rigoroso, evidenciado, em Luzes na Escuridão , através da construção de cenas limpas, marcadas e precisas. Muitas terminam focando a imagem de um objeto ou o rosto de uma personagem (aparentemente) congelada mas nem por isto pouco expressiva, como àquela que, imediatamente antes de ser encerrada com um black-out, estampa a tristeza de Aila após ser rejeitada pelo protagonista, Koistinen, por quem é apaixonada.



Econômico na duração (80 minutos), Kaurismaki permite que o espectador observe Koistinen, desprezado e/ou traído por todos à sua volta, a exceção de Aila. Dadivoso, mas não completamente ingênuo, ele se deixa levar pelo fascínio exercido por Mirja. De alguma maneira, o cineasta aborda a bondade, distinguindo a genuína da postiça, neste filme que encerra uma trilogia formada por Nuvens Passageiras e O Homem sem Passado .



# LUZES NA ESCURIDÃO (LAITAKAUPUNGIN VALOT)

Finlândia, 2006

Direção: AKI KAURISMAKI

Elenco: JANNE HYYTIÄINEN, MARIA HEISKANEN, MARIA JÄRVENHELMI, ILKKA KOIVULA

Duração: 80 minutos

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