A idéia deste artigo é que ele funcione como uma espécie de guia para quem quer dicas sobre o que priorizar entre as centenas de filmes do Festival do Rio. Um aviso: assim como você, eu também não vi muita coisa dos títulos exibidos. Portanto, as minhas recomendações compreendem os poucos que vi e gostei e aqueles que eu acredito que valham a pena assistir. Quando digo “valer a pena”, estou me referindo àqueles filmes que eu imagino que sejam bons e que não tenham distribuição comercial garantida no Brasil. Logo, esqueça Tropa de Elite e todos os brasileiros, o vencedor da Palma de Ouro em Cannes, o vencedor do Leão de Ouro em Veneza, os novos do David Lynch e do Tarantino...claro que eu quero ver esses filmes, mas se posso escolher entre mais de 300 filmes que não sei se terei a chance de ver em outra ocasião, porque vou perder tempo comprando ingresso pra um filme que em breve estará em cartaz na cidade?
Então aqui vão as minhas dicas para cada um dos segmentos do Festival. O currículo do diretor, os prêmios em festivais internacionais, os elogios da crítica internacional, temática interessante e – porque não – um pouco de intuição servem de parâmetros para escolher o que priorizar. Tomara que nenhum desses seja roubada e boa maratona!
- PANORAMA -
- Em Minha Memória, de Saverio Costanzo. Esse eu vi e recomendo muito. Segundo filme do diretor do ótimo Violação de Domicílio.
- Fantasmas, de Nick Broomfield
- Floresta dos Lamentos, de Naomi Kawase
- Hana, de Hirokazu Kore-Eda – novo filme do diretor do magnífico Ninguém Pode Saber, eleito pelos críticos do Rio melhor filme de 2005.
- I´m Not There, de Todd Haynes – Qualquer filme do diretor de Longe do Paraíso é obrigatório. Esse, que recria Bob Dylan, nem se fala.
- Meu Irmão é Filho Único, de Daniele Luchetti
- Mulher na Praia, de Hong Sangsoo
- Mundo Livre, de Ken Loach. Não é o melhor Ken Loach, mas é bastante vigoroso e atual.
- O Nome Dela é Sabine, de Sandrine Bonnaire
- Paprika, de Satoshi Kon
- Sem Fôlego, de Kim Ki-Duk. Os filmes de Kim Ki-Duk sempre acabam estreando por aqui, mas como este ainda não parece confirmado, melhor garantir. Vai que é tão bom quanto Casa Vazia e Time...
- Yella, de Christian Petzold
-EXPECTATIVA-
- California Dreamin, de Cristian Nemescu. Premiado na mostra Um Certain Regard, em Cannes.
- A Culpa é do Fidel, de Julie Gavras
- Eu, de Rafa Cortés. Prêmio da crítica em Rotterdam
- Fraulein, de Andrea Staka. Melhor Filme no Festival de Locarno.
- O Homem que incomoda, de Jens Liens.
- Na Campanha com Arnold, de Dan Cox. Não sei se é pra rir ou pra chorar.
- Solidão, de Jaime Rosales
- Temporada de Seca, de Mahamat-Saleh Haroun
- Vanaja, de Rajnesh Domalpalli
- Vivendo no Medo, de Bui Thac Chuyen
- White Palms, de Szabolcs Hadju
-PREMIÈRE LATINA-
- O Banheiro do Papa, de Enrique Fernandez e Cesar Charlone. Premiado em Gramado, é seguramente um dos melhores filmes do Festival.
- O Caminho de San Diego, de Carlos Sorín
- O Outro, de Ariel Rotter
- Partes Usadas, de Aarón Fernandez
- Silenciosa Luz, de Carlos Reygadas. O mexicano Reygadas fez apenas três filmes. Os dois primeiros (Japón e Batalha no Céu são obras-primas que passaram no Festival do Rio, ganharam o prêmio da FIPRESCI (crítica internacional) de melhor filme latino-americano, mas nem assim foram distribuídos comercialmente. Será que a situação vai se repetir com Silenciosa Luz?
-MIDNIGHT MOVIES-
- Controle, A História de Ian Curtis, de Anton Corbijn. Para quem é fã do Joy Division, e para quem quiser conhecer um pouco mais da vida desse gênio de personalidade auto-destrutiva que influenciou, entre outros, Renato Russo.
- Zoofilia, de Robinson Devor
-MUNDO GAY-
- Duas Pátrias: Cuba e a Noite, de Christian Liffers
- Jihad do Amor, de Parvez Sharma
-MOSTRA STANLEY NELSON-
- Jonestown: Vida e Morte no Templo do Povo, de Stanley Nelson. Exibido ano passado na mostra de docs, é uma excelente investigação sobre a seita de Jim Jones. Imperdível.
-FRONTEIRAS-
- Fantasmas de Abu Ghraib, de Rory Kennedy
- Gangues de Cité Soleil, de Asger Leth
- Um Táxi para a Escuridão, de Alex Gibney
-TESOUROS DA CINEMATECA-
- Tabu, de F.W.Murnau. Ver esta obra-prima de Murnau na tela grande, em cópias restaurada, é programa obrigatório.
- FOCO CHINA-
- Luxury Car, de Wang Chao. Prêmio Un Certain Regard em Cannes
- Sombras Elétricas, de Xiao Jiang
- Voltando Pra Casa, de Zhang Yang. Novo filme do diretor de Banhos
-CLÁSSICOS CHINESES-
Segundo o crítico e professor da UFF João Luiz Vieira, esta mostra traz ótimas amostras de um período de produção bastante fértil na China, entre os anos 30 e 40. Ele destacou para o Críticos.com.br os seguintes títulos:
- Canção da Noite, de Maxu Weibang
- Esta é Minha Vida, de Shi Hui
- A Grande Estrada, de SunYu
- Primavera Numa Cidadezinha, de Fei Um
-FILME DOC-
- Todos os filmes desta seção, dedicada a documentários sobre cineastas como Krzystof Kieslowski, Wim Wenders, John Waters e ainda Marlon Brando são recomendáveis para os apreciadores das obras dessas ilustres figuras.
DOC LATINO
- J.C. Chávez, de Diego Luna
- Personal Che, de Douglas Duarte, Adriana Mariño
-DOX-
- Papel Não Embrulha Brasas, de Rithy Pahn
-AGNES B.-
- Elvis Pelvis, de Kevin Aduaka
- Jia Zhang Vai Pra Casa, de Damien Ounouri
-CEM ANOS DE JOHN WAYNE-
- A maioria dos filmes desta seção existe em DVD ou passa regularmente na TV por assinatura. Portanto, só se justifica para quem quiser ver obras-primas como O Homem Que Matou o Facínora na tela grande. Se bem que a tela do cinema da Caixa Cultural, onde os filmes serão exibidos, nem é tão grande...
