Um casal gay sueco consegue permissão para adotar uma criança de um ano e meio. Por um erro burocrático, surge na casa deles um garoto de 15 anos. É fim-de-semana e não há como devolvê-lo nos próximos 3 dias. Surge aí uma boa oportunidade para se discutir, no tom humorístico que o filme elege, temas como adoção, homofobia, o cotidiano e o desgaste de relações hetero e homossexuais.
Patrick 1,5 avança timidamente sobre ambientes homofóbicos e faz, por ali, uma boa propaganda da legislação sueca sobre adoções por casais de mesmo sexo. Filmes como esse, que chegam aos circuitos comerciais de vários continentes, teriam obrigação de ir mais longe. Pois quando a legislação é explicada e o rapaz adotado por engano passa a ser aceito – por suas habilidades pessoais mais que por qualquer outra coisa – estabelecem-se os mesmos paradigmas de uma família formada de outra maneira. Patrick 1,5 passa então a transitar pelo caminho da comédia romântica que é amplamente hegemônica dentro da produção mediana. Somem os conflitos dos pais Goran e Sven, o que é uma pena porque esses conflitos sempre vão existir. A sociedade em torno deles ganha um imobilismo também falso, porque na verdade ela é dinâmica.
É uma economia de conflitos da mesma natureza (ainda que em circunstâncias bem diferentes) da de O Golpista do Ano. Num e noutro caso, desqualificam-se universos não-heterossexuais com a mesma rapidez com que os elegem. O problema é que só ali suas tramas ganham força, ganham sentido. Fora dali, O Golpista do Ano e Patrick 1,5 poderiam se passar em jardins zoológicos e ter hipopótamos como protagonistas.