Críticas


ARTE DE AMAR, A

De: EMMANUEL MOURET
Com: FRANÇOIS CLUZET, JULIE DEPARDIEU, ARIANE ASCARIDE
14.10.2012
Por Daniel Schenker
SUAVE E FÁCIL DE ESQUECER

Nas pequenas histórias reunidas pelo diretor Emmanuel Mouret (também responsável pelo roteiro) em A Arte de Amar , determinados personagens insistem em manter o controle sobre o desdobramento das situações. É o caso da mulher que não deixa a circunstancial relação com o vizinho evoluir. E o da moça que, assediada pelo colega de trabalho, propõe à amiga um encontro literalmente às escuras com ele – em fragmento que evoca, em certa medida, o registro de humor de Woody Allen.



Há mais elementos que saltam aos olhos na ciranda de Mouret, como o descompasso entre discurso e prática perceptível em parte dos personagens. Na teoria, alguns se mostram bem resolvidos nas suas propostas libertárias de vínculos amorosos. Um exemplo: um casal se propõe a conversar abertamente a respeito de qualquer questão – inclusive, sobre a disposição para viver experiências extraconjugais. Na hora da ação, porém, nem tudo sai de acordo com o formulado.



Mouret apresenta as diversas circunstâncias e desenvolve cada uma com destaque desigual, valendo-se de narração, bons atores, música clássica e referências parisienses. O resultado é suave, despretensioso e fácil de esquecer. Parece ter sido concebido para suscitar empatia imediata numa ampla faixa de espectadores. Seja como for, uma observação marcante permanece ao final da projeção: a de uma personagem sobre a sua dificuldade em lidar com o constrangimento.



Crítica publicada no jornal O Globo em 12/10/2012



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