Críticas


SENHOR DOS ANÉIS, O: O RETORNO DO REI

De: PETER JACKSON
Com: ELIJAH WOOD, IAN MCKELLEN, LIV TYLER, VIGGO MORTENSEN
26.12.2003
Por Fernando Albagli
TRILOGIA ENCERRADA COM BRILHO

O filme do surpreendente Peter Jackson – quem poderia imaginar o autor do excelente Almas Gêmeas dirigindo uma fantasia épica? – em seu capítulo final, pode ser acompanhado, ousamos dizer, mesmo por aqueles que não assistiram aos dois primeiros. Bastam umas poucas informações, pequenas dicas sobre a missão de Frodo, para que o espectador veja com prazer o desfecho dessa cultuadíssima fantasia, criada em meados dos anos 1950 pelo especialista em literatura medieval John Ronald Reuen Tolkien (1892-1973), escritor inglês nascido na África do Sul.



Ao contrário de outra trilogia recente - Matrix, dos irmãos Wachowski – que traiu todas as expectativas depois de um início promissor, O Senhor dos Anéis encerra com brilho a lenda tríptica da Terra Média. Para isso, contribuem a excelente fotografia, uma adaptação inteligente do original, resultando num eficiente roteiro, o carisma dos personagens e – é claro – os criativos efeitos especiais, maquiagem e direção de arte, todos em função da história e não simplesmente se servindo dela como pretexto para dar show de técnica.



Sucedem-se as reaparições de personagens já conhecidos e o surgimento de novos. Revelam-se a origem de Gollum e suas verdadeiras intenções. Smeagol – seu nome antes de ser atingido pela maldição do Anel – é o personagem mais trágico da história. Suas maléficas manobras dispõem Frodo contra Sam, seu maior amigo, servo e protetor, equiparando-o aos grandes vilões, perigosos não pela força ou por poderes sobrenaturais, mas pelas maquinações sub-reptícias e traiçoeiras.



Ian McKellen continua dando a dignidade necessária à credibilidade do vetusto Gandalf como o grande líder que comanda a defesa de Minas Tirith, na fascinante batalha em que os enormes mumakils (monstruosos elefantes) e trolls são conduzidos por hordas de orcs no grande ataque à cidade.



É trágica, e visualmente chocante, a cena de Denethor consumido pelo fogo. Infelizmente, as elfas Arwen e Galadriel aparecem pouco, ficando para a não menos bela Eowyn as principais ações femininas, seguindo a linhagem das heroínas travestidas de guerreiros para permitir sua participação na luta ao lado dos homens. Enquanto cabem ao anão Gimli as tiradas humorísticas, a amizade entre os hobitts Pippin e Merry lembra um emotivo relacionamento homossexual. Aragorn ainda é o grande herói da aventura e Sauron, o maior vilão, o grande olho vermelho, que forjou o Anel e quer recuperá-lo para dominar toda a Terra Média.



A conclusão da tortuosa saga – o fim da missão de Frodo e a batalha do Portal Negro – condensa as cem últimas páginas do caudaloso romance em vinte plácidos minutos, que nos fazem voltar aos tranqüilos cenários do princípio da primeira parte, cujo clima sereno era apenas um prenúncio das violentas e fantásticas seqüências que viriam a seguir.



Depois que ganhou um importante prêmio de críticos americanos, já se fala em O Retorno do Rei até para o Oscar de Melhor Filme de 2003, não ficando apenas com os tradicionais prêmios técnicos levados por filmes do gênero.





O SENHOR DOS ANÉIS: O RETORNO DO REI (THE LORD OF THE RINGS: THE RETURN OF THE KING)

EUA / Nova Zelândia, 2003

Direção: PETER JACKSON

Produção: BARRIE M. OSBORNE, PETER JACKSON e FRAN WALSH

Fotografia: ANDREW LESNIE

Montagem: JAMIE SELKIRK e ANNIE COLLINS

Música: HOWARD SHORE

Designer de produção: GRANT MAJOR

Elenco: ELIJAH WOOD (Frodo), IAN MCKELLEN (Gandalf), LIV TYLER (Arwen), VIGGO MORTENSEN (Aragorn), SEAN ASTIN (Sam), CATE BLANCHETT (Galadriel), JOHN RHYS-DAVIES (Gimli e a voz de Barbávore), BILLY BOYD (Pippin), DOMINIC MONAGHAM (Merry), ORLANDO BLOOM (Legolas), HUGO WEAVING (Elrond), MIRANDA OTTO (Eowyn), ANDY SERKIS (Gollum / Smeagol), JOHN NOBLE (Denethor), IAN HOLM (Bilbo).

Duração: 200 min.

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