Críticas


AS FÉRIAS DO PEQUENO NICOLAU

De: LAURENT TIRARD
Com: VALERIE LEMERCIER, KAD MERAD, MATHEO BOISSELIER
28.12.2014
Por Marcelo Janot
A atmosfera de nostalgia valorizada pela direção de arte e o bom elenco não é suficiente para disfarçar suas deficiências.

“O Pequeno Nicolau” (2009) mostrava o cotidiano de um grupo de meninos em um colégio francês dos anos 50. Sua narrativa era contaminada pela doçura e inocência do olhar infantil. Tinha todos os personagens clichês: o gordinho, o riquinho, o CDF, o burrinho, o inspetor enfezado, a professora substituta malvada. Mas o roteiro conseguia lidar com os estereótipos extraindo graça e originalidade das situações, de maneira simples e eficiente. Fez um sucesso fora do comum na França, seu país de origem, e também no Brasil, onde ficou mais de um ano em cartaz.

Cinco anos depois, a franquia ganha outro episódio dirigido por Laurent Tirard: “As Férias do Pequeno Nicolau”. Se no anterior o apelo nostálgico já era evidente, aqui ele se torna maior ainda, a começar pela referência ao universo de Jacques Tati desde o título – como uma espécie de versão multicolorida das “Férias do Sr. Hulot”.

Mas a atmosfera de nostalgia valorizada pela direção de arte e o bom elenco não é suficiente para disfarçar as inúmeras deficiências dessa nova aventura. A começar pelo roteiro preguiçoso, que praticamente se limita a explorar (mal) as possibilidades de humor trazidas pela mudança de ambiente. Se o filme anterior tinha como mote a insegurança de Nicolau ao entender errado uma conversa dos pais achando que iria ganhar um irmãozinho, aqui o mal entendido se dá quando ele acha que os pais vão querer lhe impor o casamento com a filha de amigos que encontram no balneário.

O roteiro segue atirando para todos os lados, fazendo com que muitas vezes Nicolau seja deixado de lado em detrimento de uma trama paralela envolvendo o assédio que sua mãe sofre por parte de um diretor de cinema, algo tão caricatural que se torna quase insuportável. Personagens como a avó aparecem com destaque no início mas depois somem do filme. As traquinagens de Nicolau e seus amigos podem agradar ao público infantil, mas dessa vez os adultos tendem a achar tudo bobo e repetitivo – pelo menos essa foi a impressão de um crítico que se divertiu muito com o primeiro filme e trocou as gargalhadas pelo desânimo nesse decepcionante “As Férias do Pequeno Nicolau”.

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