Críticas


HANNAH

De: ANDREA PALLAORO
Com: CHARLOTTE RAMPLING, ANDRÉ WILMS, SIMON BISSCHOP
12.07.2018
Por Luiz Fernando Gallego
O filme se apoia basicamente nos ombros de Charlotte Rampling,

Hannah estabelece uma relação de poder com o espectador, já que escamoteia a origem da situação em que a personagem-título se encontra: já uma senhora de idade, bastante formal, ela trabalha como faxineira e também faz aulas de teatro, nada em um clube... A detalhada demonstração do dia-a-dia de Hannah procura deixar evidente que há discrepâncias entre suas tarefas mais humildes e seu lazer mais sofisticado. O segredo (que será para muitos espectadores um "segredo de Polichinelo”) vai ser revelado aos poucos: o marido, igualmente idoso, está preso e ela vai visitá-lo na cadeia. O motivo da prisão ficará evidente após uma descoberta casual só bem perto do desfecho. Também há cenas "simbólicas" (baleia encalhada na praia) de gosto duvidoso.

Apesar do domínio da câmera fluida e da expressiva fotografia, o filme fica basicamente apoiado nos ombros de Charlotte Rampling, prêmio de interpretação feminina no Festival de Veneza 2017, fato que surpreendeu os críticos que apostavam em outras atrizes candidatas à premiação por outros filmes. Não se trata de retirar os méritos dela nem de seu desempenho minimalista/dolorido como Hannah : em sua filmografia há mais de 120 participações em 54 anos de carreira iniciada como modelo, tendo sido logo solicitada para filmes de Richard Lester e de outros diretores do cinema inglês da era Beatles, tendo participado em seguida de filmes de Luchino Visconti, Liliana Cavani (O Porteiro da noite firmou seu nome devido ao sucesso de escândalo do filme) e Giuliano Montaldo, dentre outros. Sua carreira esteve interrompida por três anos até que reapareceu em um filme de Woody Allen, Stardust Memories, e com o tempo filmaria com Nagisa Oshima e Michael Cacoyannis, além de ter estado em várias incursões de François Ozon, já que domina perfeitamente francês além de inglês.

Envelhecendo sem esconder os mais de 70 anos, Rampling, nos últimos tempos tem feito vários papéis característicos para sua idade, temperamento e semblante, com boa aceitação, incluindo uma indicação ao Oscar por 45 anos. Mesmo se repetindo, ela é a alma de Hannah, embora o filme se ressinta de ter pouco corpo (há um excesso de silêncios e cenas triviais do dia-a-dia) para satisfazer mais amplamente.

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