Críticas


COMÉDIA DO PODER, A

De: CLAUDE CHABROL
Com: ISABELLE HUPPERT, FRANÇOIS BERLEAND
27.09.2006
Por Daniel Schenker
AS RECUSAS DE CHABROL

Em A Comédia do Poder , Claude Chabrol recusa o thriller, mas preserva uma atmosfera de ameaça, como se um apartamento estivesse para ser invadido por um assassino de plantão e um carro fosse subitamente explodir. O apartamento e o carro, no caso, da juíza Jeanne Charmant Killman, determinada a derrubar o castelo de cartas de um esquema de corrupção. Mas quase nada acontece nesse sentido durante a projeção.



Chabrol também recusa o caminho do cinema político. Não procura colocar o espectador diante de intrincadas reviravoltas de uma trama dotada de contornos reais e nem sobrecarregá-lo com informações concretas, ainda que tenha se inspirado no verídico caso Elf e que os espectadores brasileiros, quase inevitavelmente, encontrem material para fazer uma correspondência com os escândalos do governo Lula, numa aproximação mais superficial com o filme.



O foco principal parece estar nas características da personagem principal, devidamente apropriadas pela atriz Isabelle Huppert, portadora de uma postura contundente realçada por um humor cortante. Há uma (aparente) leveza por trás do comportamento direto, sem meias medidas, de Charmant Killman, tanto no trabalho quanto em casa. Ao focar fragmentos da vida doméstica da juíza, Claude Chabrol se aproxima do clichê do casamento abalado pela dedicação extremada de uma das partes ao trabalho (e, aqui, da invasão de privacidade decorrente). No entanto, escapa desta armadilha, graças, em especial, à fluência com que filma, esta sim a grande qualidade de A Comédia do Poder .



# A COMÉDIA DO PODER (L’INVRESSE DU POUVOIR)

França, 2006

Direção: CLAUDE CHABROL

Elenco: ISABELLE HUPPERT, FRANÇOIS BERLEAND

Duração: 110 minutos



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