Críticas


MUSEU

De: ALONSO RUIZPALACIOS
Com: GAEL GARCIA BERNAL, LEONARDO ORTIZGRIS, ALFREDO CASTRO, LETICIA BRÉDICE
08.11.2018
Por Luiz Fernando Gallego
Os atores dão liga entre as tentativas de ser um filme de roubo perfeito, road movie e retrato psicológico dos assaltantes.

O cinema tem o hábito de romantizar personagens criados a partir de pessoas que cometeram delitos reais, geralmente personalidades borderlines ou mesmo psicopatas. Afinal, gente certinha raramente propicia uma trama “diferente”. Não sabemos, no Brasil, como eram de fato os dois estudantes de veterinária que roubaram quase 150 peças do Museu de Antropologia da Cidade do México em 1985. No filme Museu eles surgem como dois fracassados um tanto sem noção, interpretados (e muito bem) por Gael Garcia Bernal e Leonardo Ortizgris, sem que fique claro o laço que os une, além da ascendência de um (Gael) sobre o outro.

Ainda quem bem dirigido, o prêmio de roteiro em Berlim não parece tão justificado. Indeciso entre ser mais um filme de roubo perfeito (seguindo a linhagem de Rififi, de Jules Dassin, 1955), road movie, ou um retrato psicológico da dupla de assaltantes com o pano de fundo de relações familiares infelizes (um, vítima de bullying familiar; outro, cuidando sozinho do pai entrevado), o filme se alonga um pouco, embora os atores mantenham o interesse do espectador. O também excelente ator, o chileno Alfredo Castro, tem um papel menor, ainda que importante no que parece ser uma tentativa de “explicação psicológica” sobre a atitude do personagem vivido por Gael, desacreditado por seus familiares e vítima de zombarias. A argentina Leticia Brédice também tem boa presença em outro personagem episódico mas significativo na memória afetiva e infantilizada do personagem de Gael.

O filme teve apoio do Museu, sugerindo uma forma de divulgação e despertar o interesse do público para ir ver as obras pré-colombianas que estiveram em posse dos assaltantes e outras.

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