Antigamente dizia-se que a tela panorâmica nasceu para desfiles e corridas de cavalo. Mas, apesar do cinemascope, ninguém espere deste Sonhadora o esplendor de um grande filme sobre turfe. Como roteirista, John Gatins especializou-se em conjugar esportes com histórias românticas. Em sua estréia na direção, ele trata da recomposição de uma família a partir da recuperação de uma égua com estrela de campeã. Faz um bem amarrado buquê de lugares-comuns (como esta frase) em torno de um enredo previsível, onde o que importa é o exemplo de persistência, superação e dignidade. Principalmente quando o discurso de “não se vender” vem coroado de bons ganhos financeiros.
O roteiro assemelha-se a uma corrida de obstáculos, transpostos um a um pela solidariedade entre pai e filha, e ainda pela identificação entre a garota e o animal.
Mesmo sem o garbo de Seabiscuit ou o encantamento de O Corcel Negro, Sonhadora equilibra-se com perícia na raia do filme de família. Contribui para isso a performance desafetada do elenco. Dakota Fanning, de cenho franzido e dentinho quebrado, é o tipo de adulto em miniatura que o cinema dos EUA cultua como criança-prodígio. A doçura que talvez lhe falte é justamente o que não deixa o filme cair em excessos de sentimentalismo.
# SONHADORA (DREAMER: INSPIRED BY A TRUE STORY)
EUA, 2005
Direção e roteiro: JOHN GATINS
Fotografia: FRED MURPHY
Montagem: DAVID ROSENBLOOM
Música: JOHN DEBNEY
Elenco: KURT RUSSELL, DAKOTA FANNING, KRIS KRISTOFFERSON, ELISABETH SHUE, DAVID MORSE
Duração: 106 minutos
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