Vendo Nicole Kidman enfeada e quase irreconhecível neste filme não há como não lembrar da transformação física semelhante pela qual passou a bela Charlize Theron em Monster: Desejo Assassino - pelo qual Charlize recebeu vários prêmios. Se Nicole pretendia ganhar um novo Oscar, não sei se vai dar: ela parece esforçada e empenhada na interpretação de sua personagem, mas algumas chaves de caracterização utilizadas (além da maquiagem) acabam por soar estereotipadas. Por exemplo, a repetição monocórdia da voz rouca e sussurrada em tantas passagens fica perto do ridículo; embora em outros momentos a atriz se saia bem. Afinal, ela já mostrou que tem talento, não precisaria investir em recursos deste tipo para chamar a atenção e mostrar que não é "apenas um rosto bonito".
Outro desencontro do filme parece ter havido entre o que poderia ter sido uma boa história de ação e a direção pretensiosa de Karyn Kusama, ainda que o roteiro e a edição também devam ter sua parcela de responsabilidade na perda de ritmo do filme após os primeiros sessenta minutos.
O projeto talvez fosse mais bem resolvido caso se limitasse a contar as consequências de um assalto sem usar da cronologia dispersa (na verdade, a narrativa, com seus flashbacks constantes, acaba por ser anacrônica) servindo para confundir - e pior! enganar - o espectador até uma determinada “revelação” perto do final.