Críticas


O ANJO

De: LUÍS ORTEGA
Com: LORENZO FERRO, CHINO DARÍN, DANIEL FANEGO
17.04.2019
Por Maria Caú
O apelo ao clichê do psicopata aparentemente angelical não esconde as fragilidades do roteiro

O anjo é a cinebiografia da breve e intensa carreira criminal de Carlos Eduardo Robledo Puch, um dos assassinos mais famosos na história da Argentina, que com apenas 20 anos foi preso por ter cometido dez assassinatos, além de uma série enorme de roubos e outros delitos. Ao tentar construir a figura do charmoso psicopata, o filme apela para infindáveis e repetitivos planos que ressaltam a beleza clássica do protagonista, Lorenzo Ferro, com seus cabelos loiros em perfeitos caracóis e boca vermelha, ao mesmo tempo em que não se preocupa em minimamente justificar o arco dramático do personagem. Além disso, a trama acaba caindo numa armadilha da qual ela mesmo assume tentar desviar: a motivação de Carlos para os crimes parece tão obscura e impulsiva, e o homoerotismo da sua relação com o parceiro Ramón (Chico Darín) tão mal trabalhado, que a impressão é que a narrativa une as duas pontas, tomando a sexualidade do personagem central (se seria ele gay ou bissexual não se explica) como um dos fatores que o levaram ao crime, o que é uma inferência bastante leviana.

A despeito de sequências divertidas, do bom uso da trilha musical e de um trabalho de figurinos interessante, a narrativa episódica não mantém a mínima coesão, o que cansa progressivamente o espectador. O arco dramático de Carlos e suas escolhas e decisões parecem disparatados e o público se afasta mais e mais do protagonista à medida que a narração em primeira pessoa que abre o filme e tem (essa sim) seu charme não é mais trazida à tona como recurso de identificação – o que possivelmente cairia muito bem nesse contexto.







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