Já que o roteiro recorre ao chavão “boa notícia/má notícia”, vamos lá: a boa é que, depois de ver o trailer durante meses e inúmeras vezes, temíamos que o filme pudesse não passar de uma (ótima) piada repetida ou sem desenvolvimento algum. Não chega a tanto: alguns desenvolvimentos são bem razoáveis e com alguma criatividade. Alguma. A má notícia é que a porção “comédia romântica” é fraquinha, repetindo, aí sim, um clichêzão: “personagem-não-desconfia-que-a-garota-legal-o-ama”. Sendo que a garota se comporta em algum momento como a chatinha que o faz escolher entre ela e a carreira profissional. Oi? E nem ele pensa em unir as duas coisas. Ponto fora, só serve para esticar o enredo.
Por outro lado, a fantasia brinca com a possibilidade de estarmos escutando aquelas canções todas dos Beatles pela primeira vez, o que pode até mexer com espectadores mais emotivos que viveram aqueles anos. E embora sejam tão conhecidas, podem reaparecer como "inéditas" na diegese do filme - e a gente viaja como se estivesse "descobrindo" os Beatles pela primeira vez/de novo. Também podem ganhar um novo refresco como quando turbinam o arranjo de “Help!” numa das melhores cenas. Pontos a favor.
No elenco, Himesh Patel abusa de uma única expressão facial e Lily James faz o que pode com uma personagem ingrata. Quem parece estar se divertindo de verdade é Kate McKinnon como a "Mefistófeles" da Roda-Viva/Marketing/criação de "imagem" do artista. Pois "só" compor aquelas músicas incríveis dos Beatles não bastaria! "There's no business like show business" para melhor mas também para pior.
Correndo o risco de ser odiado por fãs mais radicais dos Beatles, o filme pode divertir despretensiosamente.