O longa-metragem que traz de volta a série de sucesso que teve seis temporadas (2010-2015) fica entre um capítulo esticado e uma temporada comprimida em 122 minutos. É possível que os fãs curtam reencontrar seus personagens favoritos e fica evidente a tentativa de contemplar quase todos em sub-enredos que se acotovelam em cenas bem curtas que se sucedem para logo dar passagem a outro personagem. O interesse que os sub-enredos despertam também é variável, correndo o risco de deixar quase todas as situações bem superficiais.
Fica a impressão de um bom tempo dedicado aos empregados, ainda que soe sempre bizarra a subserviência à nobreza/aristocracia: a briga para servir Suas Majestades lembra uma forma de “Síndrome de Estocolmo” ou do que a psicanálise já chamava de “Identificação com o agressor”. Mas é claro que o luxo aristocrático vai seduzir as plateias, especialmente na cena do baile, já que esta fixação infantil com a nobreza (bem mais palatável em contos de fada do que na realidade) permanece no imaginário popular em grande escala.
Os atores não têm muito tempo para caracterizar melhor seus personagens que aparecem mais estereotipados do que nas temporadas mais desenvolvidas. O destaque habitual vai para a troca de farpas entre Maggie Smith e Penelope Wilton, ainda que haja um pouco de atenuantes para a mordacidade da primeira na “resolução” de um conflito com Imelda Staunton.
No mais, é aquela mescla de ironias com a aristocracia logo atenuadas por um olhar simpático para com aquela família. Quem sabe a Casa Real Inglesa patrocina a série para manter a imagem da realeza melhor do que na realidade?