Críticas


A ODISSEIA DOS TONTOS

De: SEBASTIÁN BORENSZTEIN
Com: RICARDO DARÍN, LUÍS BRANDONI, CHINO DARÍN
30.10.2019
Por Luiz Fernando Gallego
Entre o "filme de assalto" cômico-absurdo e o drama social sem maiores voos.

O trauma do “corralito” argentino é um dos motes para esta nova parceria de Ricardo Darín com o diretor Sebastián Borensztein depois do bem sucedido Um Conto Chinês, 2011, e do frustrante Kóblic , de 2016. Para quem não lembra:  o “corralito” (cercadinho) pretendia um “choque de liquidez” por um método tão “milagroso” como o que foi tentado aqui no sequestro das poupanças do desgoverno Collor e que visava reduzir a nossa hiperinflação. Lá, serviu para deixar a população ensandecida sem poder dispor do dinheiro que tinha em bancos, causou uma verdadeira rebelião popular, uma sucessão de quatro presidentes em menos de um mês e trinta e três mortes.

O fato histórico serve para dar passagem a um filme “de assalto” na tradição menos dramática de O Segredo das Joias, de Johm Huston ou Rififi, de Jules Dassin, e mais no formato cômico-absurdo de Topkapi, do mesmo Dassin e de Como roubar Um milhão de dólares, de William Wyler, citado explicitamente neste filme.

Entre momentos mais dramáticos e outros, algo cômicos, o longa se ressente de, no seu primeiro terço, tentar apresentar seus vários personagens, sendo que muitos não têm quase participação maior na trama. Quando a coisa deslancha, já se foi bastante tempo de projeção, embora daí em diante o filme possa até distrair, especialmente para os fãs de Darín ou do gênero que o enredo vai adotar - ainda que com um viés de “justiça social”: afinal, ladrão que rouba ladrão... etc etc

Co-produzido por Darín (apenas um pouco menos no piloto automático do que ultimamente) talvez sirva também de veículo para seu filho, Chino Darín (também co-produtor) que, por este filme, não sustenta o mesmo carisma do pai. Aliás, sua participação, importante para o que os personagens pretendem, é bem pouco verossímil; poderiam ter inventado uma explicação melhor para a armação que cabe a ele na casa do vilão da história.

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