Críticas


MORTE NO FUNERAL

De: FRANK OZ
Com: MATTHEW MACFADYEN, PETER DINKLAGE, ANDY NYMAN,RUPERT GRAVES
08.10.2007
Por Luiz Fernando Gallego
PIADA DE VELÓRIO

Nas exibições durante o Festival Rio 2007, Morte no Funeral foi aplaudido ao final de mais de uma apresentação. O que não era de se estranhar depois de muitas e freqüentes risadas dadas ao longo do filme que - se está muito longe de ser um marco na história da cinematografia e de ficar devendo muito a tantas comédias hilárias do passado - faz rir como há tempos não se ouvia em salas de cinema.



Nada é exatamente "fino", as situações podem ser algo grosseiras, envolvendo humor negro (tudo se passa em um velório na Inglaterra) e com, pelo menos, um momento de escatologia. Vale (quase) tudo para fazer rir frente à morte – e à vida difícil de Daniel, o filho patinho-feio de um venerando pai que acaba de falecer. Ansioso, inseguro e algo deprimido, ele vive à sombra da fama do irmão escritor que vive nos EUA - enquanto Daniel mantém sua tentativa de escrever um romance às escondidas de todos, temeroso de (mais) rejeição. Sua mãe esnoba a nora, e embora dedicada a ele, a mulher de Daniel o pressiona para dar o sinal de um apartamento onde quer ir morar longe da sogra. Mas Daniel ainda precisa que o irmão famoso pague a metade do que ele gastou para as honras fúnebres do pai.



Em volta do núcleo familiar íntimo, parentes mais ou menos próximos não deixarão de comparecer com a finalidade de estimular o riso a partir de seus tipos caricaturais, porém defendidos com garra por atores em ponto de bala. O hipocondríaco, menosprezado e solicitado primo Howard, por exemplo, ganha vida com irresistível simpatia na pele de Andy Nyman; assim como o ansioso Simon de Alan Tudyk, um noivo igualmente inseguro que é rechaçado pelo futuro sogro - e que vai pagar o (segundo) maior mico - entre tantos do velório.

O maior de todos, não se conta aqui para não tirar a graça da desgraça de um personagem fundamental na trama: o próprio morto.



Matthew Macfadyen (que foi ‘Mr.Darcy’ na recente versão de Orgulho e Preconceito) está muito bem ao emprestar sua expressão melancólica a Daniel, enquanto o veterano Peter Vaughan usa sua carranca e experiência de ator com de 85 anos de idade para o insuportável e rabugento tio Alfie. Mas o destaque fica mesmo com Peter Dinklage (o anão de O Agente da Estação) como um participante não convidado para as exéquias. O baixinho é responsável por alguns dos momentos mais engraçados e irreverntes.



O humor negro britânico não funcionava tão bem há muito tempo – e não se espere nada bonitinho como em Quatro Casamentos e um Funeral sem os casamentos. A premissa é de que vale (quase) tudo para se fugir do clima mórbido de um velório – inclusive a própria morbidez em tom de chanchada. A direção de Frank Oz poderia ter mais nonsense, mas pelo menos não desfaz muito do que foi proposto pelo roteiro de Dean Craig que só derrapa no finalzinho um tanto apaziguador dos maus modos presenciados até então.



O final do ritual é tão protelado por imprevistos constrangedores como o jantar dos burgueses de uma espécie de Charme Discreto da Burguesia esculachado com algum espírito descabelado de velhas comédias com Peter Sellers. Nada é genial, mas vale tudo para fazer chorar em velório. Chorar de rir.



# MORTE NO FUNERAL (DEATH AT A FUNERAL)

Reino Unido/Alemanha/Estados Unidos/Holanda, 2007

Direção: FRANK OZ

Roteiro: DEAN CRAIG

Elenco: MATTHEW MACFADYEN, PETER DINKLAGE, EWAN BREMNER, KRIS MARSHALL, ANDY NYMAN, ALAN TUDYK. JANE ASHER, RUPERT GRAVES

Duração: 90 minutos

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