Não há como não lembrar de Antes do Amanhecer. Mas seria melhor não lembrar. A desvantagem é abissal para o novo filme de Matias Bize - que mereceu alguma atenção e simpatia por Na Cama. A estrutura é semelhante: um casal conversa sobre o fim da relação. Mas não muito: há silêncios “realistas” enormes. E algumas outras pessoas em cena mas que não acrescentam muito ao parco roteiro (?). E o casal anda, anda, anda e anda por uma Bracelona noturna que aqui não se mostra atraente - nem como passeio turístico. Logo Barcelona...
Nada provoca interesse pelos personagens pouco e mal desenvolvidos com as atitudes banais de casal em crise ou em fim de relacionamento. O filme se arrasta sem ritmo nenhum e o esforço dos atores é em vão. Melhor nem pensar em Julie Delpy e Ethan Hawke e nas falas espertas de Antes do Por-do-Sol ou do Amanhecer. Melhor ouvir o antigo samba-canção de Dolores Duran: Eu desconfio que o nosso caso está na hora de acabar.... O “caso” com Matias Bize pelo que mostrou de acuidade sobre um casal casual que seduziu muita gente em Na Cama fica muito balançado por este casal antigo em tédio intolerável que é o do novo filme do diretor, este O Bom de Chorar. Nada bom chorar o tempo perdido nesta sessão.
#O BOM DE CHORAR (LO BUENO DE LO LLORAR)
Espanha/Chile, 2006
Direção: MATÍAS BIZE
Roteiro: MATÍAS BIZE e MATÍAS CORNEJO BUNGER
Elenco: ALEX BRENDEMÜHL, VICENTA NDONGO
Duração: 80 minutos