Críticas


FESTIVAL DO RIO 2008: DELTA

De: KORNÉL MUNDRUCZÓ
Com: FÉLIX LAJKÓ, ORSI TÓTH, LILI MONORI
27.09.2008
Por Daniel Schenker
UM FILME SOBRE O OLHAR

A maneira como se conta uma história é mais importante do que a história em si, como fica claro em Delta . A preocupação de Kornél Mundruczó com o ato de filmar transparece na forma de abordar o amor entre dois irmãos, Mihail e Fauna, tardiamente apresentados.



O trabalho de câmera é refinado, não só no que se refere ao posicionamento e à distância escolhidos para registrar as cenas como, em especial, no modo como se detém no rosto de cada personagem e se desloca de um para o outro. Num certo sentido, Delta parece ser um filme sobre o (tempo do) olhar.



Mundruczó também explora diferentes qualidades de silêncio – o afetivo, que se estabelece entre os irmãos, e o ruidoso, referente aos rudes habitantes da comunidade, ambos preenchidos de significado. A música não adquire caráter ilustrativo, formando, em algumas passagens, uma espécie de espessura com a carga de não-dito.



São elementos que potencializam a determinação de Mihail e Fauna em construir um mundo melhor do que aquele no qual estão inseridos, emoldurado por bela e desolada paisagem. Enfrentam dose imprevista de intolerância, abordada talvez por meio de tintas carregadas demais ao final – ainda que não caiba propriamente fazer qualquer objeção à desesperança do realizador em relação à natureza humana.



# DELTA

Hungria/Alemanha, 2008

Direção: KORNÉL MUNDRUCZÓ

Elenco: FÉLIX LAJKÓ, ORSI TÓTH, LILI MONORI

Duração: 92 minutos



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