Críticas


REBOBINE, POR FAVOR

De: MICHEL GONDRY
Com: JACK BLACK, MOS DEF, DANNY GLOVER, MIA FARROW
11.12.2008
Por Luiz Fernando Gallego
ZOAÇÃO ZOADA

O filme anterior de Michel Gondry (que parece só ter acertado com ajuda do roteiro de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças) foi exibido entre nós apenas no Festival do Rio 2007. Na época, escrevemos que Sonhando Acordado (The Science of Sleep ou La Science des Rêves, títulos originais) recorria a enfeites (?) visuais adocicados servindo como brilharecos de gosto duvidoso que tentavam preencher o que o filme não tinha para dizer sobre um personagem bizarro interpretado por Gael Garcia Bernal: um sujeito que confundia sonhos e devaneios com a realidade, indo além da puerilidade com piadinhas tolas, esquisitices e sandices.



Novamente autor do roteiro (?), Gondry radicalizou a própria sandice e o que parece ser uma fixação com "objetos cênicos" para chutar o balde a partir de uma premissa nonsense que evoluiu bem mal: com todas as fitas de vídeo de uma decrépita locadora desmagnetizadas por atos desastrosas e “sem-noção” do personagem de Jack Black, ele e o atendente resolvem “refilmar” os títulos mais populares de modo totalmente "naïf", com resultados que dariam inveja a Ed Wood. Os clientes adoram tais “versões”, passando a participar das “filmagens”. Os novos “filmes” são classificados como “suecados” (inicialmente é dito que vinham da Suécia – sic!)



O que torna tudo tão patético é que o filme propriamente dito de Gondry parece um tanto “suecado”: sem ritmo, sem graça, não passa de uma desculpa para fazer mais um daqueles filmes-paródias que se banalizaram bem depois das primeiras incusões de Mel Brooks em suas paráfrases irreverentes sobre Frankenstein ou filmes de Hitchccock. Esta fórmula se esgota rapidamente, mas é a ela que se recorre para cortejar uma platéia que conheça as referências (os filmes originais) que estão sendo utilizadas. Pululam pelas telas comediotas americanas que zoam 300, Pânicos e outros filmes que já são subprodutos. De certo modo era isto mesmo que fazia o sucesso popular das chanchadas brasileiras dos anos 1950 quando transformavam épicos (?) de Cecil B. De Mille em Nem Sansão, Nem Dalila ou westerns como Matar ou Morrer em Matar ou Correr. Aqui, no nosso passado, a inferioridade assumida face à máquina hollywoodiana; em Rebobine, por favor, a busca da graça fácil como besteirol televisivo.



O “trash” pelo “trash”, a indigência intelectual, a busca do riso fácil que raramente se realiza, o final pieguento e chupado de qualquer sub-Frank Capra (ou sub-Cinema Paradiso) fazem de Rebobine, Por Favor uma pá de cal nas expectativas de qualquer coisa futura que Gondry possa vir a realizar. E ainda por cima mostra o pior do histrionismo repetitivo de Jack Balck, um Danny Glover estereotipado, uma Sigourney Weaver desperdiçada e a decadência tatibitati de Mia Farrow.



O melhor é ficar em casa vendo TV, de Zorra Total a Casseta & Planeta. Ou ir no site em que virou moda a realização de filmes “suecados”. Pelo menos economiza-se o dinheiro das entradas.



# REBOBINE, POR FAVOR (BE KIND REWIND)

Estados Unidos, 2008

Direção e Roteiro: MICHEL GONDRY

Fotografia: ELLEN KURAS

Edição: JEFF BUCHANAN

Direção de Arte: JAMES DONAHUE

Música: JEAN-MICHEL BERNARD

Elenco: JACK BLACK, MOS DEF, DANNY GLOVER, MIA FARROW, MELONIE DIAZ, SIGOURNEY WEAVER.

Duração: 102 minutos

Site oficial: http://newline.com/properties/bekindrewind.html

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